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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

AMÉRICA LATINA MARCOU TENDÊNCIA EM POZNAN (12/12/2008)


O Banco Mundial pediu urgência à comunidade internacional no sentido de prestar atenção à América Latina, a região de maior biodiversidade do mundo, para encontrar soluções inovadoras para a crise climática. Cinco dos 10 países com maior biodiversidade do mundo estão nessa região: Brasil, Colômbia, Equador, México e Peru. Mas, também estão entre os 15 cuja fauna está em risco de extinção. Criticado por 148 organizações ambientalistas de todo o mundo por ser um grande contaminador, o Banco Mundial divulgou seu informe sobre a América Latina e o Caribe na Conferência das Nações Unidas sobre mudança climática, que começou dia 1º e termina hoje.

Essa região pode guiar os o países de renda média rumo à redução de gases de efeito estufa emitidos pelo desmatamento, quebrar o impasse no desenvolvimento de represas hidrelétricas, melhorar a eficiência energética e transformar o sistema de transporte urbano, diz o informe da instituição. O estudo analisa a forma com a mudança climática afeta a América Latina e o que é possível ser feito para evitar suas conseqüências, tanto de forma unilateral quanto com os incentivos que surgirem do acordo que se negociará no próximo ano na reunião de Copenhague.

“O enfoque liderado pela América Latina não só contribuirá para mitigar a mudança climática, como, também, ajudará a criar milhões de postos de trabalho nos países que emitirem pouco dióxido de carbono”, disse Katherine Sierra, vice-presidente de desenvolvimento sustentável do Banco Mundial em um comunicado divulgado pela instituição. “As lições que aprendermos nessa região serão de enorme valor para nossos esforços destinados a financiar medidas que contenham o aquecimento nas nações em desenvolvimento, com base em novos instrumentos como os Fundos de Investimento Climático (FICs), de US$ 6,1 bilhões”, acrescentou.


Os fundos criados pelo Banco Mundial são considerados prejudiciais para as negociações sobre mudança climática no contexto da Organização das Nações Unidas. Os FICs “competem por recursos com fundos para adaptação e tecnologia já criados pela ONU, promovem indústrias sujas, como a do carvão, e obrigam as nações em desenvolvimento a pagar a contaminação dos países industrializados mediante empréstimos para se adaptarem a uma crise climática pela qual não são responsáveis”, diz a declaração divulgada na terça-feira pelas organizações ambientalistas.

Em lugar de criar esse tipo de financiamento como uma obrigação dos países industriais para as nações em desenvolvimento no contexto da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, os FICs foram pensados basicamente como um sistema de ajuda desigual de doador para beneficiário, disseram as ONGs. “É especialmente detestável devido à grande dívida ecológica histórica das nações industrializadas em relação aos países em desenvolvimento”, acrescentaram. “O Banco Mundial disse que os FICs eram uma nova fonte de recursos, mas os governos do G-8 deixaram bem claro que os consideram parte da ajuda oficial ao desenvolvimento e que, portanto, não são nem novos nem adicionais”. O Grupo dos Oito países mais poderosos do mundo é formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia.

Por sua vez, a diretora de desenvolvimento sustentável do Banco para a América Latina e o Caribe, Laura Tuck, reconheceu à IPS que “aumentar os investimentos em tecnologias verdes não será um assunto fácil. Mas, há um apoio crescente aos empreendimentos, governos e à sociedade civil com base na idéia de que a própria crise oferece uma oportunidade para criar incentivos a fim de percorrer um caminho com menos emissões de dióxido de carbono”, acrescentou.

“A América Latina sofre as conseqüências da mudança climática, mas não é a principal responsável pelas emissões que levam ao aquecimento global, graças à sua matriz de energia limpa e a políticas inovadoras que promovem um crescimento que libera” poucos gases de efeito estufa, afirma o documento do Banco Mundial “Pouco dióxido de carbono, grande crescimento: Respostas da al à mudança climática”. Essa região “produz apenas 6% do total das emissões de gases de efeito estufa vinculadas à geração de energia, ou 12% do total das emissões, incluídos desmatamento e agricultura”, diz o informe redigido pelos economistas do Banco Augusto de la Torre, Pablo Fajnzylber e John Nash.

O estudo detalha novas tecnologias e enfoques existentes na região para reduzir suas emissões:

A estratégia nacional estabelecida pelo México em 2007 pretende objetivos de longo prazo não vinculantes. No setor energético propõe a possibilidade de reduzir em 107 milhões de toneladas de gases de efeito estufa até 2014, redução de 21% nos próximos seis anos.

O Brasil aponta para a independência energética pela expansão de fontes alternativas como hidrelétrica, etanol e biodiesel. A produção de etanol a partir da cana-de-açúcar é sustentável do ponto de vista financeiro e ambiental, sem retirar terras dos cultivos destinados à alimentação.

As políticas de transporte público que não prejudicam o meio ambiente, testadas em Curitiba (PR) e levadas para Bogotá, são implementadas em dezenas de cidades da região.

A Costa Rica teve reconhecimento mundial por seus esforços financeiros destinados a preservar o meio ambiente, mediante várias iniciativas sobre “pagamentos por serviços ao ecossistema”.

A Argentina avança em matéria de energias renováveis em áreas rurais, que fornecem eletricidade às comunidades a um custo acessível e com conseqüências sobre a produtividade e o emprego.

Apesar das inovações, o desenvolvimento da América Latina vai liberar mais dióxido de carbono. Segundo a tendência atual, prevê-se que as emissões desse gás aumentem 33% e por habitante no período 2005-2030, acima da média mundial de 24%, alerta o informe do Banco Mundial. O documento destaca que a boa adaptação à mudança climática é uma parte indispensável das boas políticas de desenvolvimento e que é necessário que todos os países tomem medidas a respeito.

“A América Latina demonstra um compromisso consistente sobre mitigar a mudança climática fora dos ciclos políticos. É um momento em que a região é líder das nações em desenvolvimento na busca de soluções globais construtivas. Se os governos tomarem decisões de curto prazo adequadas, poderá haver um avanço significativo para uma economia de mercado mais sustentável”, disse Nash. (IPS/Envolverde)
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FONTE : Ramesh Jaura, da IPS (Envolverde/IPS).

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