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quarta-feira, 29 de abril de 2009

BAIXA ATIVIDADE SOLAR NOS ÚLTIMOS 18 MESES


A baixa atividade solar nos últimos 18 meses, que pode levar a uma diminuição da temperatura média mundial em 2009, começa a despertar dúvidas se as previsões de mudanças climáticas estão corretas
O astrônomo David Whitehouse, autor do livro The Sun: A biography, publicou um artigo no jornal britânico The Independent nessa semana sobre um tema que vem cada vez mais preocupando climatologistas ao redor do mundo: a baixa atividade solar e sua relação com as mudanças climáticas.

A idéia de um sol mais ‘calmo’ e as suas conseqüências para o clima já vem sendo utilizada como argumento por céticos e críticos do aquecimento global que questionam até que ponto as previsões de mudanças climáticas se concretizarão. Ainda, destacam alguns deles, se a Terra esfriar mesmo com o acúmulo de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, qual seria a verdadeira influência do efeito estufa no clima?

O sol é formado em sua grande parte por hidrogênio na forma de plasma, que, de tempos em tempos, devido ao movimento de rotação e ao efeito de seu próprio magnetismo, liberam grande quantidade de energia, inclusive com a expulsão de matéria da fotosfera (a camada visível do Sol). Esse fenômeno recebe o nome de mancha solar (sunspot). Quanto maior a freqüência dessas manchas, mais alta é a atividade solar, e mais energia a Terra recebe do astro.

Em 2008 foram registrados 266 dias, ou 73% do ano, sem a localização de manchas solares. Até o dia 31 de março de 2009, foram 70 dias sem elas ou 87% do ano. Para se ter uma idéia, a menor incidência de manchas foi 1913, com 311 dias sem o registro de atividades desse tipo.

“Este é o sol mais ‘quieto’ que qualquer pesquisador vivo já presenciou”, afirmou o cientista solar da Nasa, David Hathaway. “Desde o começo da era espacial tivemos geralmente o sol em alta atividade, sendo que cinco dos dez mais intensos ciclos solares que se tem notícia aconteceram nos últimos 50 anos”.

Incertezas

O astrofísico de Havard, Willie Soon, explica que o sol obedece a ciclos de geralmente 11 anos. Por volta do ano 2000, teria ocorrido um período de máxima atividade solar e, agora, estaríamos diante de um ciclo de baixa. “Mas ninguém sabe quanto tempo um ciclo pode durar ao certo. Podemos ter um período longo sem manchas solares e que denunciam uma pequena movimentação solar. Isso já aconteceu no passado, entre os anos de 1645 e 1715, no que ficou conhecida como pequena Era do Gelo”.

De acordo com a Nasa, a tecnologia moderna ainda não pode prever o que virá a seguir. Modelos científicos de uma dúzia de físicos solares estão em conflito sem conseguir chegar a um consenso sobre quando o período de baixa atividade irá acabar e quando começará um novo ciclo.

O cientista de projetos do Observatório de Dinâmica Solar da Nasa, Dean Pesnell, afirma que não há como fazer projeções exatas, porque ninguém entende completamente a física dos ciclos solares.

“É a primeira vez na história que realmente estudamos uma baixa atividade solar. Eu mesmo acredito que veremos uma reação no fim do ano, possivelmente atingindo um novo ponto máximo de atividade em 2012 ou 2013. Mas sei que posso estar enganado”, afirma Pesnell.

As conseqüências da pequena atividade solar ainda não são plenamente entendidas e podem vir a afetar de maneira inesperada as projeções das mudanças climáticas.

Para Soon, 2009 será um ano de temperaturas médias abaixo do comum, assim como já foi 2008. E que diante disso, as teorias do aquecimento global, ou pelo menos suas previsões, poderiam ser revistas.

“Se a atividade solar persistir baixa por muito tempo e o planeta esfriar mesmo com os níveis de CO2 subindo, a sociedade precisará rever os conceitos. Na minha opinião, este é um período que nos dirá muito e será extremamente útil para a ciência e para a sociedade”, concluiu Soon.
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FONTE : Fabiano Ávila, da Carbono Brasil

2 comentários:

Marlene Koch disse...

Bem da hora essa reportagem sobre a estabilidade Solar. Em 2006/2007 iniciei uma comunidade para acompanhar o clima no orkut. Na minha região em 2006 foi o ano mais estranho em matéria de clima que acompanhei na minha existência. Nas 4 estações não havia queda de temperatura, não houve mínimas abaixo de 10 graus na minha cidade, os ventos quase deixaram de existir e nas noites de verão ou inverno, sentimos apenas a queda de temperatura medida pela ausência do sol. Em 2007 as estações voltaram ao normal, os ventos voltaram. Em 2008 houve uma queda de temperatura na média de 10 graus em relação a 2006, talvez devido ao excesso de chuva mas, observando o ano de 2009, mesmo nos dias de sol, as temperaturas permanecem em queda aparente. Uma nova Era do Gelo não pode ser descartada mas, como dizes, o que podemos esperar com essa presença enorme de carbono na atmosfera? Parece que os políticos e globalização não estão preocupados então, estamos na beira do caos, possivelmente. Parabéns pela postagem, é a melhor no sentido que encontrei até o momento.

wesley silva disse...

achei esta reportagem em um site. muito da hora.
Atividade solar influencia circulação atmosférica, diz estudo.
É como uma janela invisível aberta para o Sol. A chamada região da Anomalia Magnética do Hemisfério Sul (AMHS) abrange o continente sul-americano e parte dos oceanos Atlântico e Pacífico. É exatamente por causa dessa ligação direta entre a atmosfera terrestre e o cosmos que estão sendo detectados nessa região processos que podem estar influenciado diretamente o clima no Brasil.
“Vários parâmetros mostram claramente uma redução na quantidade total de nuvens no Pacífico tropical”, disse o pesquisador Luis Eduardo Vieira. Ele, ao lado de Ligia da Silva, do Inpe - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, acaba de publicar um artigo sobre o assunto na Geophysical Research Letters.
Os pesquisadores defendem a tese de que a dinâmica da circulação atmosférica na região da AMHS é fortemente influenciada pelos processos magnéticos e ionosféricos resultantes do acoplamento energético existente entre as atmosferas da Terra e do Sol. “Os resultados indicam, por exemplo, que os fenômenos El Niño e La Niña resultam exatamente dessa interação”, afirma Vieira, que desenvolveu o trabalho durante seu pós-doutorado no Inpe, encerrado em abril. Entre maio e julho, ele trabalhou no Max Planck Institute for Solar System Research, como pesquisador visitante.
Como uma diminuição na intensidade do campo magnético terrestre ocorre bem no centro da região da anomalia, o fluxo de raios cósmicos é maior. “O aspecto mais importante detectado agora é justamente o aumento da correlação entre o fluxo de radiação de ondas longas e o fluxo de raios cósmicos na região interna da anomalia”, disse o pesquisador do Inpe. Isso ajuda a explicar também a redução da temperatura na superfície do mar na mesma área.
As fortes atividades convectivas, que geram turbulências térmicas na atmosfera, estão situadas bem nas bordas da anomalia. Essas atividades, responsáveis, por exemplo, pela quantidade de chuvas em uma área territorial extensa, estão sendo afetadas também pelo aumento de fluxo cósmico desvendado agora.
Segundo Vieira, essa correlação com os raios que chegam do espaço não está sendo necessariamente influenciada de forma direta pelo aumento do fluxo. “Nessa região ocorre constantemente precipitação de partículas energéticas aprisionadas nos cinturões de radiação, que também são fortemente moduladas pela atividade solar”, explicou.
Dentro desse grande e complicado quebra-cabeça atmosférico a irradiação solar entra como peça-chave. “É difícil entender o que exatamente está ocorrendo na região, mas os resultados são interessantes e mostram como a quantidade de radiação é importante”, disse Vieira. A partir de gráficos gerados nos laboratórios do Inpe, fica claro perceber a variação sazonal que ocorre, por causa da irradiação, na chamada Zona de Convergência do Pacífico Sul.
“Essa zona se estende para o sul, seguindo as linhas do campo geomagnético, do inverno para o verão. A velocidade vertical do vento também mostra as alterações ao longo dos meses e a importância da radiação solar nesses processos”, disse o pesquisador.
Interferência no clima - Além de poder caminhar para pesquisas que, do ponto de vista prático, poderão ajudar na previsão climatológica para o Brasil, os resultados do trabalho feito no Inpe apontam para uma segunda direção em que, mais uma vez, o ozônio entra no jogo.
“Um dos mecanismos que precisam ser investigados é o da redução do ozônio na baixa mesosfera e na alta estratosfera, devido à interação das partículas altamente energéticas com os constituintes atmosféricos. A redução na abundância do ozônio, mesmo pequena, pode alterar os padrões climáticos”, aponta Vieira.
Segundo o cientista, alterações na quantidade do ozônio devido a variações nas emissões de raios ultravioletas, caso sejam confirmadas, podem se tornar uma prova concreta do acoplamento da atividade solar e do clima da terra.

eu sou wesley.
tomara que gostem;; t+