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quinta-feira, 23 de julho de 2009

AMS recomenda cautela no uso de geoengenharia


Alterar as características naturais do planeta pode ser uma das saídas para as mudanças climáticas, mas a Sociedade Americana de Meteorologia alerta para a necessidade de mais estudos e políticas para regulamentar esse tipo de iniciativa.

Já são vistos nos noticiários vários projetos de geoengenharia ao redor do mundo, como o de despejar toneladas de sulfato de ferro nos oceanos para facilitar a proliferação de algas que capturam o dióxido de carbono (CO2), e os de colocar espelhos em órbita ou aumentar a espessura das nuvens, para refletir os raios solares.

Diante desses tipos de propostas, a Sociedade Americana de Meteorologia (AMS, na sigla em inglês) publicou na terça-feira (21/07) um alerta de que ainda são necessários muitos estudos antes que seja feita qualquer alteração de grande porte nos sistemas terrestres.

A AMS afirma que a geoengenharia pode sim ser uma das opções para evitar as piores conseqüências das mudanças climáticas, incluindo catástrofes naturais. Porém, alerta que até hoje não existem pesquisas que analisem todas as conseqüências de medidas que alterem um sistema tão complexo quanto o clima do planeta.

Cautela

As propostas de geoengenharia podem ser classificadas em três categorias: redução dos níveis de gases do efeito estufa na atmosfera através de manipulações de larga escala (como fertilização dos oceanos e reflorestamento utilizando espécies exóticas); resfriamento do planeta ao aumentar a reflexão dos raios solares (colocando partículas reflexivas na atmosfera, espelhos em órbita, alterando a química das nuvens, etc), e diminuição das mudanças climáticas ou seus impactos (por exemplo, construir canos verticais nos oceanos que “sugariam o calor da atmosfera”).

Apesar das idéias parecerem ficção científica, algumas delas já foram inclusive tiradas do papel. No começo deste ano, um navio de pesquisas alemão carregado com 20 toneladas de sulfato de ferro partiu em direção à Antártica com o objetivo de injetar o material no fundo do oceano. A operação acabou sendo suspensa no último momento pelo governo alemão que atendeu aos pedidos da comunidade internacional.

A AMS afirma que mesmo que se funcionasse sem efeitos colaterais, a geoengenharia não resolveria por completo o problema do aquecimento global e poderia inclusive tirar o foco do que realmente importa, que é cortar as emissões. Por exemplo, se fosse aumentada a reflexão dos raios solares, isso não impediria os demais danos da concentração dos gases de efeito estufa, como aumento da acidificação dos oceanos.

Aposta

Apesar de sugerir cautela com relação à geoengenharia, a AMS reconhece que o problema das mudanças climáticas é bastante sério e que não se pode descartar a utilidade desse tipo de projeto.

Para a instituição, os esforços de mitigação estão sendo insuficientes para frear o aquecimento global de forma a evitar seu impacto prejudicial no clima. Também parece incerto que os piores efeitos das mudanças climáticas poderão ser minimizados pela adaptação.

Diante disso, seria prudente começar a pensar em regras internacionais para a geoengenharia que levem em conta questões sociais e de segurança. A AMS fez as seguintes recomendações:

1- Incrementar as pesquisas sobre o potencial científico e tecnológico da geoengenharia para o clima, incluindo os efeitos inesperados no meio ambiente.

2- Coordenar estudos internacionais e multidisciplinares das implicações históricas, éticas, legais e sociais da geoengenharia, incluindo lições de esforços passados de alterar o clima.

3- Desenvolver e analisar opções políticas para promover a transparência e a cooperação internacional na exploração da geoengenharia, em conjunto com restrições para as tentativas despreparadas de manipular o sistema climático.

Segundo a revista New Scientist, a AMS é o primeiro órgão científico a oficialmente endossar pesquisas no campo da geoengenharia.

A AMS reforçou que a geoengenharia nunca deverá substituir medidas de mitigação ou adaptação, mas poderá contribuir para reduzir a velocidade das mudanças climáticas e aliviar alguns dos seus impactos.

“O potencial para ajudar a sociedade, assim como os riscos de conseqüências inesperadas, exigem mais pesquisas, regulamentações e transparência nas iniciativas”, ressalta a instituição.
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FONTE : Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil (Envolverde)

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