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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Brasil pode ter papel importante nas negociações sobre emissões


De nada adiantam os acordos climáticos se os países emergentes não se comprometerem com metas de redução das emissões.

Um estudo do WWF intitulado G8 Climate Scorecards, apresentado no Fórum Internacional de Seguros para Jornalistas, promovido pela Allianz Seguros, realizado na semana passada em São Paulo, mostra a atual situação das emissões de gases de efeito estufa nas oito maiores economias do mundo e nos cinco principais países emergentes, entre os quais o Brasil.

A pesquisa indica que, se as medidas debatidas no cenário político brasileiro forem realmente aplicadas, o país pode tornar-se um dos líderes nas negociações sobre o tema. Segundo Karen Suassuna, analista do Programa de Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, caso isso aconteça, o Brasil começará a agir com responsabilidade. “Todos os países que fazem parte do chamado G5 – Brasil, China, Índia, México e África do Sul – vêm debatendo e aprovando planos ousados para adaptação e mitigação dos gases de efeito estufa”, observou.

A Índia vem implementando metas de eficiência energética muito ambiciosas, como explica Shirish Sinha, chefe do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF indiano. "A política de ação do país para a mudança climática é mais ampla do que a redução de emissões de carbono e incorpora a visão de seguir pela via do desenvolvimento sustentável", disse.

Os chineses, que geralmente são considerados vilões do aquecimento global, também têm tomado iniciativas significativas referentes à eficiência energética e fontes renováveis, como a instauração de normas para limitar o consumo de energia de automóveis e caminhões e a ampliação do sistema de transporte urbano nas principais cidades. "Temos feito progresso considerável ao tratar a mudança climática por meio de investimentos em energias renováveis", ressaltou Dongmei Chen, diretora de Clima e Energia do WWF-China.

Outra nação que vem tentando desenvolver uma política eficaz sobre o tema é a África do Sul, com uma estratégia abrangente em cenários de mitigação de longo prazo. "Temos desempenhado um papel positivo nas negociações internacionais, mas, nacionalmente, apenas a implementação das políticas existentes tem sido insuficiente", alerta Richard Worthington, coordenador do Programa de Mudanças Climáticas do WWF-África do Sul.

Karen Suassuna cita as medidas no combate ao desmatamento como a grande ferramenta brasileira para combater as emissões: "Esse é nosso principal problema e deve ser atacado com muito mais afinco".

Ela afirma que ainda falta um objetivo geral a longo prazo no Plano Nacional de Mudanças Climáticas, apresentado em 2008 pelo governo, e que o plano de apoio ao uso de etanol também é um programa-chave nas políticas públicas climáticas: "Um desenvolvimento com baixo carbono somente será possível se adotarmos um pacote climático coerente para todos os setores da economia brasileira".

Suassuna salientou também que as florestas brasileiras não são apenas sequestradoras de carbono, mas um dos nossos capitais naturais mais preciosos e que devem estar no centro do desenvolvimento sustentável brasileiro. "Ainda falta aos países um compromisso com metas de redução mais arrojado. Parece que ainda não entenderam que a crise climática é muito mais séria e perigosa do que aparenta", destacou.
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FONTE : Fabrício Ângelo, da Envolverde - especial para o Instituto Ethos (Envolverde/Instituto Ethos)

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