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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Japão anuncia cortes de 25% nas emissões em 2020


Com o partido democrata que por décadas foi oposição agora no poder, o país quer liderar as maiores economias em um acordo climático ambicioso, porém terá que enfrentar a forte pressão do setor industrial

O recém-eleito primeiro-ministro do Japão, Yukio Hatoyama, não esperou nem mesmo assumir oficialmente o cargo para já deixar clara a nova posição do governo com relação às mudanças climáticas.

Durante um Fórum Ambiental em Tóquio, Hatoyama anunciou na segunda-feira (07/09) o que até agora é a meta mais ambiciosa no combate ao aquecimento global entre os países ricos: cortar em 25% as emissões de gases do efeito estufa em 2020 com relação aos níveis de 1990.

Grupos ambientalistas comemoraram a posição de liderança na qual o Japão se coloca com esta decisão, mas Hatoyama disse que a meta estará vinculada a compromissos com o mesmo grau de ambição por outros grandes emissores nas negociações do clima de Copenhague, em dezembro.

“Não podemos parar as mudanças climáticas apenas estabelecendo nossas próprias metas de emissão. Nossa nação irá chamar os maiores países do mundo para estabelecer objetivos agressivos”, afirmou.

A proposta será levada por Hatoyama para ser discutida na reunião das Nações Unidas sobre mudanças climáticas que será realizada em Nova York neste mês.

A meta japonesa até então equivalia a cortes de 8% abaixo do que foi emitido em 1990, porém a mudança na postura com relação ao clima foi um dos motes da campanha do partido democrático de Hatoyama, que venceu as eleições no final de agosto e tirou do poder o conservador Partido Liberal Democrático (PLD), que governou o Japão por 53 dos últimos 54 anos. Hatoyama toma posse no dia 16 de setembro.

“Atacar as mudanças climáticas agressivamente irá abrir uma nova fronteira para a economia japonesa e criar empregos em áreas como de carros elétricos e tecnologias de energia limpa, incluindo solar”, afirmou Hatoyama, tentando minimizar os temores da indústria.

O Greenpeace deu boas vindas à nova meta, porém pediu que os países industrializados se comprometam com cortes de 40% em 2020, já que cientistas recomendam cortes de 25% a 40% para manter as temperaturas com uma elevação máxima de 2oC.

“Este é um primeiro sinal da liderança climática que surgiu nos últimos tempos de algum país desenvolvido – o tipo de liderança que precisamos que venha do Presidente Obama”, disse à revista britânica Ecologist o ativista da ONG, Martin Kaiser.

O secretário-executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, afirmou que a proposta está alinhada com o que a ciência diz ser necessário. “Com tal meta, o Japão irá assumir o papel de liderança que os países industrializados concordaram em ter no combate as mudanças climáticas”.

Ressalvas da indústria

O setor empresarial japonês, contudo, depositou um olhar de críticas sobre a nova postura, com alguns chamando a meta de ingênua e considerando uma ameaça a competitividade nacional.

“Eu não acho que o Sr. Hatoyama tenha se dado conta do compromisso que ele está assumindo para o Japão”, afirmou ao New York Times o diretor do grupo de pesquisa Instituto de Economias de Energia, Tsutomu Toichi. “Ele não percebeu que isto não é um slogan de campanha. Este é um compromisso internacional que será cobrado do Japão.”

O principal grupo de negócios do país, Nippon Keidanren, que é contra qualquer meta superior a 6%, deverá fazer lobby contra a proposta do partido democrata.

Para o CEO da Honda, Takanobu Ito, que tem cultivado uma imagem verde vendendo carros mais eficientes e híbridos, o objetivo é praticamente impossível. “Esta meta está além do alcance dos nossos planos de negócios convencionais. Eu acho que será extremamente difícil para nós encontrarmos maneiras de atingi-la”, disse ao jornal Nikkei.

Apesar de ter assumido no Protocolo de Quioto o compromisso de reduzir em 6% as emissões de gases do efeito estufa de 2008 a 2012 com relação 1990, o Japão vem trilhando pelo caminho oposto, registrando aumentos contínuos nos níveis de dióxido de carbono que lança na atmosfera.
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FONTE : Paula Scheidt, do CarbonoBrasil (Envolverde/CarbonoBrasil)

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