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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

MARICULTURA : "FENAOSTRA" VAI COMEÇAR EM FLORIANÓPOLIS


FOTO : Vinicius une o trabalho artesanal à modernidade para garantir a qualidade dos moluscos que produz e mostrar todo o processo ao consumidor final
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O maricultor Vinicius Marcus Ramos, 31 anos, usa a internet para acompanhar as etapas da produção de suas ostras, vendidas para 31 restaurantes da Grande Florianópolis. Ramos é um exemplo do quanto o cultivo de ostras comestíveis avançou em 20 anos de atividade e transformou Florianópolis em referência nacional de produção. A Festa Nacional da Ostra e da Cultura Açoriana (Fenaostra), que começa hoje e vai até o dia 25, não poderia ser em outro lugar.

Há 10 meses, Ramos trabalha para garantir o carregamento de ostras para a festa deste ano. Único produtor certificado pelo Sebrae no Sul da Ilha, começou a fornecer a principal atração do evento aos poucos. Primeiro foram mil dúzias, depois quatro mil, seis mil, até chegar a 12 mil dúzias, no ano passado. Nessa edição, ele calcula que pode entregar até 15 mil dúzias da iguaria que já conquistou a mesa de restaurantes consagrados também no Rio de Janeiro e em São Paulo.

– Com o passar dos anos, a rede de contatos foi aumentando – diz, orgulhoso.

O maricultor pegou carona na internet. Com Orkut, Twitter e um site especializado do rancho no Ribeirão da Ilha, ganhou credibilidade e conquistou espaço no mercado. O consumidor mais detalhista, por exemplo, acompanha pelo site, em quatro câmeras, a chegada das ostras, passando pela lavagem e seleção. Detalhes como o lavador a jato de pressão de água salgada e o transporte em veículo refrigerado agregam valor à produção.

O engenheiro agrônomo da Epagri e um dos três idealizadores da Fenaostra, Alex Alves dos Santos, salienta a projeção gerada pela festa para Florianópolis e Santa Catarina como maior Estado produtor e polo gastronômico. A festa cumpre o objetivo original de escoar a produção da Ilha, além de popularizar o consumo.

– O pessoal de fora, quando fala em Florianópolis, lembra da Ponte Hercílio Luz e das ostras – avalia.

Santos lembra que, na primeira edição do evento, implorou para que restaurantes participassem e incluíssem um prato elaborado com ostras no cardápio. Eram três apenas. A partir da sexta edição, a organização já precisou selecionar os restaurantes. Hoje são 14 na festa, que espera receber 200 mil visitantes na edição de 2009.

Produção de sementes começou na UFSC

A história do cultivo de ostras na Ilha tem como marco inicial a produção de sementes pela Universidade Federal de Santa Catarina, a partir de 1990. A espécie Crassostrea Gigas, originária do Pacífico, encontrou o ambiente ideal para se desenvolver nas água calmas, com temperatura mais amenas, das baías norte e sul. A ostra está pronta para ser consumida em oito meses, muito mais rápido do que as encontradas no Chile, por exemplo, prontas para o consumo em dois anos. As ostras europeias estão na mesa do eixo Rio-São Paulo em menos de 24 horas, mas levam quatro anos para ficarem prontas.

– Nossa capacidade de produção é altíssima. Podemos triplicar de um ano para o outro. Por isso os franceses ficaram abismados quando viram o que tínhamos aqui – completa Santos.

Uma iguaria de laboratório

As ostras de Florianópolis são resultado da pesquisa de técnicos da UFSC, da Epagri e da dedicação de produtores e comerciantes. Cultivada durante todo o ano, a ostra começa a “viver” no laboratório da universidade, onde as sementes são geradas. O último passo é a colheita, oito meses depois, nas águas calmas das baías Norte e Sul da Ilha.

As sementes são colocadas em lanternas-berçário (espécie de cestas). A cada semana, as lanternas são retiradas para a peneiração. Os produtores acompanham o crescimento das ostras e as selecionam por tamanho. Em seguida, são colocadas em novas lanternas, chamadas intermediárias, em menor quantidade por bandeja, para favorecer o crescimento.

Após passar pela lanternas intermediárias um e dois, em menor quantidade a cada fase, as ostras chegam até a lanterna três, a definitiva, de onde sairão para a colheita e as etapas de seleção e lavagem final. Como Santa Catarina tem um controle de qualidade de água e da ostra, não há necessidade de fazer a depuração.

O processo é uma exigência da legislação para exportação, que pode começar a partir do primeiro semestre de 2010. A depuração, feita em um tanque com filtros, elimina as pseudofezes da ostra que, por ser um organismo de filtragem, seleciona a própria alimentação. É quase uma limpeza gastrointestinal.

Cardápio musical será internacional

Além da variedade de pratos a base do molusco que é a cara de Florianópolis, a Fenaostra tem um menu cheio de atrações para os visitantes. Nos quatro pavilhões da festa, a gastronomia se mistura ao artesanato, estandes comerciais e, claro, muita música.

Sertanejo, reggae, samba, pagode e música gospel prometem animar as noite no CentroSul. O destaque este ano é a atração internacional, o músico Papa Winnie, ícone do reggae que ficou famoso nos anos 1990 com a música You Are My Sunshine.

Em 1993, em sua primeira turnê pelo Brasil, Papa Winnie convidou músicos brasileiros para acompanhá-lo. Resultado: ajudou a formar a banda O Rappa, com Nelson Meirelles, Marcelo Lobato, Alexandre Menezes e Marcelo Yuka. De lá para cá, o caribenho fez diversas turnês pelo país, tocou com Biquini Cavadão e, desta vez, se apresentará com músicos catarinenses, a Banda Dazaranha, Iriê e Humani.

Para esquentar os ânimos, a festa começa hoje com o show de Bruno & Marrone. Dormi na Praça é um dos maiores sucessos da dupla goiana, que faz o estilo sertanejo romântico.

O domingo será dedicado ao pagode, com as bandas Pixote e Cupim na Mesa. Regis Danese, que concorreu ao Grammy Latino deste ano, será a atração de terça-feira. O mineiro já tocou música sertaneja e fez parte da banda de pagode Só Pra Contrariar.

Nos anos 1990, converteu-se em evangélico e mudou seu repertório. Tem quatro CDs solo gravados.

Alexandre Pires e Rodriguinho sobem ao palco na quinta-feira, a dupla sertaneja mineira César Menotti & Fabiano se apresenta na sexta e Jorge Aragão e Art Popular enchem de samba o pavilhão de shows da Fenaostra no sábado. Os cariocas do Sorriso Maroto encerram a programação musical no domingo.
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FONTE : Diário Catarinense, edição de 16/10/2009.

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