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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

COP-15 - Pouca água na cúpula

A Organização Meteorológica Mundial (Oriente Médio) disse que, quando os dados forem completados, muito provavelmente 2009 ficará entre os 10 anos mais quentes desde que começaram os registros, em 1850. também detalhou os desastres vinculados à água causados pelo aquecimento global. A seca foi um problema sério em diversas partes do mundo. Na China foi a pior em cinco décadas. Na África oriental causou enorme escassez de alimentos. No México foi de severa a excepcional em setembro, e no centro da Argentina prejudicou em grande parte agricultura, pecuária e recursos hídricos.

Irônico é que em outras regiões o excesso de água se manifestou de formas distintas, inundações na Austrália, Bangladesh e Burkina Faso; furacões na América Central; grandes chuvas e deslizamentos de terra na Colômbia e tempestades de inverno na Espanha e França. Mas, a temática da água ocupou um lugar marginal na 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15), que terminará sexta-feira após duas semanas de debate em Copenhague.

Os representantes e delegados das nações presentes à capital dinamarquesa procurarão fixar objetivos mais drásticos em matéria de redução de emissões de gases-estufa, causadores do aquecimento global para os países em desenvolvimento e outros mais para os que não assinaram o Protocolo de Kyoto, cujas metas expiram em 2012. Este instrumento obriga os 37 países industriais que o ratificaram a reduzir até 2012 suas emissões em 5,2% com relação aos níveis de 1990.

“A água é o principal meio pelo qual os impactos da mudança climática serão sentidos pelas populações humanas e o meio ambiente”, afirmou Karin Lexen, do Stockholm International Water Institute (Siwi), com sede na capital dinamarquesa. As mudanças na disponibilidade de água e na possibilidade de prever o clima colocaram esse liquido no centro do futuro desenvolvimento dos processos de decisão, disse Lexen. “Mas a água apenas consta do rascunho” que é negociado por delegados e representantes dos países em Copenhague, disse Lexen à IPS/TerraViva.

Alguns têm dúvida em mencionar a água no texto porque a consideram “um setor à parte” e temem que se for mencionada o documento fique “muito detalhado”. “Não compartilhamos disso porque é um tema relacionado com vários assuntos-chave como energia, selvas, meios de vida e questões transfronteiriças”, explicou Lexen. “Cremos que é importante incluir referências à gestão do recurso hídrico no texto, pois será muito importante para aproximar os diferentes especialistas na implementação de programas e estratégias de adaptação”, prosseguiu.

Há países como Bangladesh, ameaçados pelas consequências da mudança climática relacionadas com a água, que trabalham duro para que figure no texto da negociação, respondeu Lexen ao ser consultada sobre as possibilidades de a água ser incluída no texto de negociação, embora nações como Alemanha, Dinamarca e Holanda se mostrem muito mais interessadas e dispostas”, acrescentou.

O nível da água nos rios chineses Gan e Xiangjian foi o mais baixo dos últimos 50 anos, disse a OMM. A fraca temporada de monções causou uma grave seca em 40% dos distritos da Índia, e o noroeste e nordeste foram seriamente afetados por uma das mais suaves desde 1972. As fortes e intensas chuvas que caíram em novembro no nordeste argentino, sul do Brasil e Uruguai causaram inundações em diferentes lugares que afetaram cerca de 15 mil pessoas, segundo a OMM.

A Rede Global de Políticas Públicas sobre Gestão de Água (GPPN), iniciativa conjunta de Stakeholder Forum for a Sustainable Future e o Siwi, promoveu a temática da água nas negociações prévias à cúpula de Copenhague. Além de manter reuniões bilaterais com representantes dos governos, o GPPN também reuniu o grupo governamental informal Amigos da Água, que se reúnem à margem das negociações oficiais.

“A água é o principal meio pelo qual os impactos da mudança climática serão sentidos pelas populações e pelo meio ambiente”, diz um das mensagens centrais do GPPN. A falta de coordenação entre a gestão da água e a adaptação à mudança climática “comprometerá os esforços para construir a resiliência e pode ter efeitos devastadores nos meios de vida das pessoas”, acrescenta.

O GPPN também diz que a resiliência deve ser construída em torno do fornecimento de água e saneamento e deve ser implementada uma efetiva gestão do recurso como forma de adaptação, priorizada através de programas nacionais que trabalhem nesse sentido. Entre as maiores prioridades escritas do GPPN há uma referência direta à segurança da água. “Adaptar-se à mudança climática é, em grande parte, adaptar-se a muita ou pouca água, e deve ser reconhecido o papel central” que tem nas medidas para minimizar os danos do fenômeno nessa etapa, disse a organização.
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FONTE : (IPS/Envolverde)

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