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domingo, 30 de maio de 2010

BARRA DA LAGOA, FLORIANÓPOLIS : Menos uma praia no mapa?


Estudo feito a partir de fotografias aéreas revela que a paisagem da praia mudou muito nos últimos 16 anos

As caminhadas pelas areias brancas e finas da Barra da Lagoa, no Leste da Ilha de Santa Catarina, podem estar ameaçadas. A faixa de areia, que há 16 anos vem gradualmente desaparecendo da praia, uma das mais frequentadas de Florianópolis, agora, sumiu de vez. Nesta semana, as ondas, conhecidas como suaves, deram lugar à fúria do mar. O efeito foi um estrago inimaginável pelos 4,3 mil habitantes do balneário.

Desde quarta-feira, os números da ressaca aumentam: nove construções foram destruídas, cinco, interditadas e mais de 50 pessoas foram afetadas. A razão, de acordo com o geólogo voluntário da Defesa Civil Rodrigo Sato, é a ação do homem em um ambiente que deveria ser preservado. Para o especialista, a construção do molhe provocou a destruição da praia.

Sato, a pedido da Defesa Civil, elaborou um estudo sobre as causas da ressaca da Barra da Lagoa. Através da análise de oito fotos aéreas, obtidas no arquivo do Geoprocessamento Corporativo da prefeitura de Florianópolis e Google Earth, ele concluiu que a erosão começou depois das primeiras obras da construção do molhe na década de 1990. Desde a inauguração em 1994, o mar já avançou mais de 50 metros.

– O molhe modificou o sentido da corrente litorânea e alterou a linha de costa da praia. Com isso, a areia não conseguiu mais se depositar na orla e a erosão marinha chegou ao nível máximo, já que não há mais areia disponível na costa – afirma.

O especialista alerta que o avanço do mar na praia que tem 650 metros de extensão, mas que chega até oito quilômetros porque não é separada da Praia de Moçambique, não teve influência significativa da ocupação humana litorânea.

– Construções litorâneas sempre existiram na Barra. Não foi elas que avançaram no espaço do mar, foi o mar que avançou contra elas por causa do molhe – complementa.

Medidas urgentes para a praia não sumir

Para que a Barra da Lagoa não suma, como ocorreu na Praia da Armação, no Sul da Ilha, ele propõe a retirada imediata do molhe e medidas naturais para reverter a situação. O engordamento da praia (retirada de areia da jazida do fundo do mar e colocada na orla) é a opção mais indicada, com custos que podem variar de R$ 5 a R$ 25 milhões.

Para a Secretaria Municipal de Turismo, a preservação da Barra da Lagoa é prioridade. O secretário executivo de Turismo, Homero Gomes, disse que se empenhará para que a ressaca não respingue na frequência de turistas. As medidas adotadas serão anunciadas na próxima semana.

Uma comitiva formada pela Fundação de Apoio ao Meio Ambiente, Ministério Público Federal (MPF), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) devem visitar a Barra da Lagoa neste final de semana.
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FONTE : jorn. FRANCINE CADORE (Diário Catarinense, 30/5/2010)

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