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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Nova borracha da Amazônia é alternativa ao couro animal

Combinando técnicas indígenas tradicionais de extração da borracha por indígenas com padrões industriais, Francisco Samonek, professor da Universidade Federal do Acre, desenvolveu uma forma diferente de aproveitar a riqueza das seringueiras. Os Encauchados de Vegetais da Amazônia baseiam-se na produção de um composto de látex com fibras vegetais de embaúba e algodoeiro, o que permite obter um material funcional para produtos variados, de roupas a panelas.

Desenvolvida pelo Pólo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais (Poloprobio), o processo de vulcanização da borracha – necessário para evitar a coagulação da seiva dos seringuais – foi vencedor do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2007, na categoria Região Norte. Tanto no Acre quanto no Pará a técnica foi disseminada por diferentes comunidades, já que é simples e fácil de ser reaplicada. Para se ter uma ideia, sequer é necessário usar energia elétrica.

Ao composto de látex com fibras vegetais, são adicionados pigmentos e aromas extraídos de folhas da anilina, de cascas do jatobá, breu e da semente de urucum. Água misturada a cinzas de fornos e fogões a lenha completam o processo do "encauchado".

Atualmente, já são 28 unidades produtivas implantadas nos estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia por 370 índios Kaxinawá, Shanenawa, Kaxarari e Apurinã e por 150 seringueiros que vivem em unidades de conservação. Foram gerados 520 postos de trabalho e 20 novos produtos lançados. O valor agregado ao produto final chega a 25 vezes o da borracha fabricada pelo processo convencional.

O seringueiro Raimundo Nonato, 42 anos, morador da Reserva Extrativista Cazumbá Iracema, no município de Sena Madureira (AC), conta como o projeto modificou a vida da comunidade. "Quando vendíamos a borracha bruta não ganhávamos quase nada pelo produto. Hoje com as técnicas que aprendemos essa mesma matéria tem um valor muito maior no mercado, saltou de R$ 2,50 para no mínimo, R$ 50 o quilo", disse à RTS.

Para o extrativista, a comunidade se sente mais valorizada. "Hoje podemos comprar as nossas coisas, com o dinheiro que ganhamos. Além disso, nos alimentamos melhor e ainda ajudamos na preservação da natureza, uma vez que não precisamos mais derrubar árvores para a lavoura e criação de gado", ressalta Nonato.

Em São Francisco do Pará (PA), 40 artesãos fazem camisetas com o material. Na Feira do Empreendedor em Belém, realizada em maio, um estande mostrou a produção. Daiane Dourado, da comunidade ribeirinha, explica que o processo cabe mesmo para comunidades extrativistas. "Onde houver terras, seringais e artesãos, a técnica do látex pode ser aplicada e gerar renda às comunidades", afirma à Agência Sebrae.
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FONTE : (Envolverde/Revista Fórum)

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