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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Saiba mais: estações de tratamento de esgoto - Roberto Naime

A continuidade do saneamento significa coletar e tratar os esgotos cloacais antes de destinação final na rede de drenagem superficial. Algumas cidades ou regiões de cidades tem suas redes cloacais ligadas com a rede pluvial. Este procedimento é totalmente inadequado, pois as águas pluviais são despejadas “in natura” na rede de drenagem superficial e quando o esgoto está junto com o pluvial (água de chuva) são despejados junto nos rios, causando muita poluição hídrica.

A primeira fase do tratamento é chamada de primária. O esgoto que chega nas estações de tratamento de esgoto, geralmente através de redes de coleta subterrâneas passa por um sistema de gradeamento inicial, para separação dos detritos maiores. Após a separação dos objetos maiores, o esgoto atravessa uma calha parshal (equipamento técnico destinado a medir vazão em m3/s).


O efluente líquido do esgoto doméstico é primeiramente remetido para os desarenadores, que retiram as areias do líquido que seguirá para tratamento em lagoas.

Nas lagoas de aeração, o esgoto é submetido à agitação mecânica realizada pelos aeradores (que são pás movimentadas por motores, que inserem mecanicamente oxigênio no meio dos esgotos). Esses equipamentos movimentam a água promovendo a oxigenação da mistura, eliminando gases indesejáveis e acelerando o processo de decomposição.

A segunda fase do tratamento recebe a denominação de fase secundária. Na lagoa de sedimentação a água permanece por um período em descanso para que as partículas sólidas ainda presentes na mistura se depositem no fundo da Lagoa. Ao longo desse processo de decantação as impurezas vão se transformando em lodo.

Esse material posteriormente será conduzido para as lagoa de lodo de onde poderá ser transferido para o aterro sanitário ou utilizado como adubo orgânico.

Muitas vezes o tratamento secundário pode não ser feito em lagoas de sedimentação ou lodo e sim em reatores aeróbicos (com oxigênio) ou anaeróbios (sem oxigênio). Nestes reatores o resíduo entra em contato com o lodo do esgoto, um material bacteriano ativo, que degradará a maior parte da matéria orgânica contida no resíduo, reduzindo consideravelmente a sua carga orgânica inicial.

Após um tempo pré-determinado, o resíduo é recalcado para um tanque filtro onde, por ação gravimétrica, o material sólido ainda existente é retirado. Após a filtragem, a água segue por gravidade para o tanque de desinfecção onde será clorado para aumentar ainda mais a qualidade final da água lançada ao rio.

O tempo de duração do tratamento completo é muito variável de acordo com o processo utilizado, oscilando entre 2 a 5 dias em geral. O tratamento da água para tornar potável o líquido para distribuição e consumo humano tem um índice muito alto de universalização no Brasil, podendo se afirmar que é um problema praticamente resolvido.

Ocorre uma grande carência é de redes coletoras e estações de tratamento de esgotos. Da mesma forma obras adequadas de drenagem pluvial sistematizadas faltam em todo país. E a gestão de resíduos sólidos nunca está totalmente dentro dos padrões que seriam recomendáveis. Existem falhas nos sistemas de coleta e de destinação final.

O tratamento de esgotos talvez seja o caso mais crítico. O índice de coleta e tratamento de esgotos cloacais em todo Brasil é muito baixo, sendo necessário um dramático esforço envolvendo a definição de prioridades e maciços investimentos públicos para resolver esta questão.
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FONTE : Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS, é colunista do EcoDebate (EcoDebate, 25/06/2010)

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