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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Para cientistas, onda de calor na Rússia pode ter relação com mudanças climáticas

As mudanças climáticas globais podem ser parcialmente responsáveis pelo clima quente e seco que vem causado incêndios na Rússia e feito com que a capital Moscou esteja há dias sob uma espessa camada de fumaça, afirmam cientistas ouvidos pela BBC.

De acordo com Jeff Knight, cientista especializado em variações climáticas do UK Met Office, o centro nacional de meteorologia da Grã-Bretanha, a situação vivida por Moscou pode ser atribuída a diversos fatores, entre eles, a concentração de gases causadores do efeito estufa, que vem aumentando de forma constante.

Segundo o pesquisador, o fenômeno El Niño, que consiste no aquecimento das águas do Oceano Pacífico e afeta o clima em várias partes do mundo, além de padrões climáticos locais, também podem estar contribuindo para as condições anormais registradas na Rússia neste verão.


“A onda de calor na Rússia está relacionada a um padrão persistente de circulação de ar do sul e do leste”, diz.

“Anomalias de circulação (de ar) tendem a criar anomalias de calor e frio. Enquanto está muito quente no oeste da Rússia, está mais frio que a média em partes da Sibéria”.

“Isto faz com que recordes antigos de temperatura tenham sido quebrados, como, por exemplo, o de temperatura mais alta em Moscou. Nós esperamos mais temperaturas extremamente altas com as mudanças climáticas”, diz Knight.

Calor

Há cerca de três semanas, a Rússia vem sofrendo com uma onda de calor que tem causado uma série de incêndios florestais, que fazem com que a capital Moscou esteja há dias sofrendo com uma intensa neblina.

Segundo autoridades médicas da cidade, as condições fizeram com que a taxa de mortalidade na capital dobrasse.

Para cientistas ligados à ONG ambientalista WWF, o clima quente que vem causando os incêndios perto de Moscou também está relacionado às mudanças climáticas.

De acordo com o chefe do programa de clima e energia da WWF Rússia, Alexei Kokorin, as altas temperaturas que chegam a 40º C aumentaram a probabilidade de incêndios nas redondezas da capital.

Kokorin ainda afirma que, embora pessoas e animais já estejam sofrendo com as condições climáticas locais, é possível que as temperaturas aumentem ainda mais nos próximos anos.

“Nós precisamos estar prontos para combater estes incêndios, porque há uma grande possibilidade de este verão se repetir. Esta tendência não vai parar nos próximos 40 anos, até que as emissões de gases causadores de efeito estufa sejam reduzidas”, afirmou.

Segundo Kokorin, o aquecimento global cria outros problemas.

“Se ficar mais quente no inverno, na primavera e no verão, a fauna irá mudar”.

“Por exemplo, nunca tivemos tantas regiões na Rússia afetadas pela malária. Isto acontece porque os invernos estão se tornando mais quentes, e menos e menos desses organismos morrem durante os períodos de frio”.

Há ainda informações sobre o aparecimento de águas-vivas, comuns em lagos e rios quentes da Europa, Ásia e América do Norte, no rio Moscou, cujas águas estão mais quentes que o normal.
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FONTE : Reportagem de Katia Moskvitch, repórter de ciência da BBC News, publicada pelo EcoDebate, 12/08/2010

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