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sexta-feira, 23 de março de 2012

‘Sucesso no combate à fome depende de melhor utilização da água’

 

Uma mulher caminha para o local de distribuição de água em Tora, norte de Darfur, 2009 (ONU/Olivier Chassot)
Uma mulher caminha para o local de distribuição de água em Tora, norte de Darfur, 2009 (ONU/Olivier Chassot)
O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou hoje (22/3) que a produção de alimentos suficientes para alimentar a crescente população mundial exigirá que comunidade internacional assegure o uso sustentável do “recurso finito mais importante” do mundo, a água.
“A menos que melhoremos a nossa capacidade de usar a água na agricultura, praticando-a com sensatez, não conseguiremos acabar com a fome e vamos abrir a porta a uma série de outros problemas, incluindo a seca, a fome e a instabilidade política”, alertou Ban em comunicado lido no início da cerimônia do Dia Mundial da Água 2012, na sede da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em Roma.
Em muitas partes do mundo, a escassez de água está aumentando e as taxas de crescimento na produção agrícola têm diminuído, observou. Ao mesmo tempo, as alterações climáticas agravam os riscos e imprevisibilidades para os agricultores, “especialmente para os agricultores pobres em países de baixo rendimento que são os mais vulneráveis e menos capazes de se adaptar”, afirmou Ban Ki-moon.
Garantir a segurança sustentável dos alimentos e da água para todos exigirá a transferência de tecnologias hídricas apropriadas, a capacitação de pequenos produtores alimentares e a conservação de serviços ambientais essenciais, afirmou o chefe da ONU. Também apelou para políticas que promovam os direitos de água para todos, uma capacidade regulamentar mais forte e a igualdade de gênero.
“A água vai desempenhar um papel central na criação do futuro que queremos”, observou Ban. “Na próxima reunião de Cúpula, a Rio +20, a comunidade internacional terá de fazer a conexão entre a segurança no acesso à água e a segurança alimentar e nutricional no contexto de uma economia verde”.
Todos os anos, no dia 22 de Março, 28 organizações das Nações Unidas celebram o Dia Mundial da Água, como forma de chamar a atenção do público para várias questões relacionadas à água e sobre a necessidade de gerir de forma sustentável os recursos de água doce.
A FAO é a principal agência da ONU para as comemorações do Dia da Água deste ano, que tem como tema “Água e segurança alimentar”. A agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura está realizando uma série de palestras e debates de especialistas internacionais ao longo de todo o dia na sede da agência. (Assista ao evento em http://www.fao.org/webcast/).
Água para o futuro
Durante a sua intervenção, o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, afirmou: “Há vinte anos, a primeira reunião de cúpula no Rio destacou a importância vital de uma efetiva gestão da água na construção de um futuro sustentável e com segurança alimentar para o planeta. Apesar de muitos países terem feito grandes progressos na melhoria da sua gestão dos recursos hídricos, é necessário fazer muito mais.”
“Temos de responder às demandas agrícolas de uma maneira que economize a água e outros recursos naturais, o que implica uma intensificação sustentável da agricultura. Ela terá de ser capaz de produzir os alimentos de que o mundo precisa enquanto utiliza a água de forma mais inteligente, bem como uma mudança na nossa forma de comer, reduzindo as perdas, desperdícios e promovendo dietas saudáveis​​”, acrescentou.
De acordo com Graziano da Silva, para isso, é necessário investir nas pessoas, em infraestrutura e na educação e sensibilização, além de incentivos para que os pequenos agricultores adotem melhores práticas – e reforçar a sua capacidade de melhorar a sua produtividade.
Aumentar a resiliência dos agricultores contra as alterações climáticas, melhorar a governança da água e criar instituições para melhorar a gestão das águas nacionais e regionais também são prioridades, afirmou.
“Também é necessário um consumo sustentável, que reduza as perdas, desperdícios e promova dietas sustentáveis”, acrescentou Graziano da Silva, citando estimativas da FAO de que 1,3 bilhões de toneladas de alimentos são desperdiçados todos os anos.
Uma redução de 50% nas perdas de alimentos e dos desperdícios em nível mundial pouparia 1.350 km3 de água por ano, segundo a FAO. A precipitação média anual na Espanha, por exemplo, é de 350 km3, a capacidade de armazenamento do lago Nasser no Egito e no Sudão é de cerca de 85 km3 e a água do rio Reno que passa na cidade de Bonn, no período de um ano, é de aproximadamente 60 km3.
Agricultura e segurança da água interligadas
Atualmente, cerca de 1,6 bilhão de pessoas vivem em países ou regiões com escassez absoluta de água e em 2025 dois terços da população mundial poderá viver em condições de ‘estresse’ hídrico.
Uma das principais razões para isso é a necessidade da utilização de água para produção de alimentos. Em média uma pessoa bebe de 2 a 4 litros de água por dia, mas são necessários de 2 mil a 5 mil litros de água para produzir a alimentação diária de uma pessoa. A agricultura é responsável por 70% da utilização de toda a água doce e subterrânea em todo o mundo.
O motivo é claro: regando, os agricultores podem produzir mais alimentos. A agricultura de irrigação é responsável por apenas 20% da área terrestre cultivada do planeta, mas produz 40% dos alimentos.
 
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FONTE : ONU Brasil
EcoDebate, 23/03/2012

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