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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

ENVOLVERDE - Boletim do dia 24 de dezembro de 2012



Colheita de verduras em uma das torres do Sky Green. Foto: Kalinga Seneviratne/IPS

Agricultura no céu de Singapura

 Cidade de Singapura, Singapura, 21/12/2012 – Com cinco milhões de pessoas abarrotadas em 715 quilômetros quadrados, a diminuta República de Singapura se viu obrigada a se expandir para as alturas e construir prédios para todos seus habitantes. Agora, também se vê forçada a desenvolver um modelo de agricultura urbana vertical, e realiza experiências com hortas nos tetos dos edifícios para poder alimentar toda sua população.Singapura só produz 7% dos alimentos que consome em seu território. Este país importa a maioria das frutas e verduras frescas dos vizinhos Malásia, Tailândia e Filipinas, bem como de lugares mais distantes, como Austrália, Nova Zelândia, Israel e Chile. O fluxo de imigrantes derivou na rápida aglomeração do horizonte, com a construção de cada vez mais torres de apartamentos. Enquanto isso, a pouca terra disponível para a agricultura desaparece de forma acelerada.A solução para o problema veio na forma de associação público-privada, com o lançamento do que se chama “a primeira fazenda vertical”, que gira com a força da água e libera poucas emissões de dióxido de carbono para a produção de cultivos tropicais em um ambiente urbano. A iniciativa, resultado de um acordo entre a Agri-Food, a Autoridade Veterinária de Singapura (AVA) e a empresa local Sky Green, pretende popularizar técnicas de cultivo urbano que não contaminem o meio ambiente.Com uma economia bastante sólida, que se orgulha de ter um produto interno bruto de US$ 239,7 bilhões, Singapura conta com muitos recursos. “Mas o dinheiro não serve para nada sem alimentos”, disse Jack Ng, diretor da Sky Green. “Por isso queria aproveitar meus conhecimentos de engenharia para ajudar os agricultores de Singapura a produzirem mais alimentos”, contou à IPS.Ng criou o sistema de cultivo vertical, que chamou de “A Go-Grow” e consiste em uma série de torres de alumínio, algumas de até nove metros de altura com 38 fileiras cada uma e equipadas com tanques para as verduras. Fiel à sua filosofia sustentável, a água usada para rodar as torres é reciclada para regar os cultivos. Cada torre consome 60 watts por dia, semelhante a uma lâmpada comum.O engenheiro sabia que, se o sistema fosse muito caro ou complicado, os agricultores não sobreviveriam. Como criou o projeto pensando nos que estão aposentados e outros presos às suas casas, tratou de criar uma dinâmica na qual “a planta vem a você, em lugar de você ir até ela”.A torre de verduras com múltiplas camadas gira lentamente e demora oito horas para dar uma volta completa. Enquanto sobe recebe luz solar, e quando desce é irrigada graças a uma bandeja que se enche com o sistema hidráulico que ativa o sistema de rotação. Este sistema de ciclo fechado é fácil de manter e não libera gases contaminantes.Ng explicou que, se essas torres forem colocadas nos telhados da imensa quantidade de edifícios de apartamentos, onde vive a maioria da população de Singapura, será possível oferecer um sustento para aposentados e trabalhadoras do lar, que só deverão passar algumas horas no telhado para cuidar do sistema.As torres da Sky Green produzem três verduras muito populares neste país, nai bai, xioa bai cai e repolho chinês, que podem ser colhidas a cada 28 dias. A iniciativa já fornece à NTUC FairPrice, a maior loja de alimentos de Singapura, com cerca de 230 pontos de venda e supermercados. As verduras cultivadas em cidades custam US$ 0,20 a mais o quilo do que as variedades importadas. O gerente de compras, Tng Ah Yiam, disse ao Straits Times que as “hortas no céu” agora podem oferecer aos clientes verduras locais de qualidade “e frescas, porque viajam menos do campo até as prateleiras”.A Sky Green prevê fornecer duas toneladas por dia à NTUC em meados do ano que vem, quando ampliar suas hortas verticais. O projeto se baseou em uma tendência que se espalhou por Singapura há várias décadas. Desde a expansão urbana da década de 1990, Singapura tenta encontrar uma solução para a escassez de terras para cultivo tradicional com hortas nos telhados.Numerosas instituições desenvolveram cultivos hidropônicos e aeropônicos, mas nenhum prosperou. “Havia a preocupação quanto a os telhados serem capazes, ou não, de aguentar o peso das estruturas”, disse à IPS o ex-diretor de assuntos públicos da AVA, Shih Yong Goh. Especialistas como Lee Sing Kong, diretor do Instituto Nacional de Educação e antigo defensor das “hortas no céu”, acredita que é urgente a necessidade de depender menos da importação de alimentos.Com o aumento dos eventos climáticos extremos, incluídos “desastres naturais como inundações, que podem ter impacto na produção de alimentos, seria necessário que Singapura produzisse suas próprias verduras do ponto de vista da segurança alimentar”, opinou Kong à IPS.Kong afirmou que atualmente trabalha no desenvolvimento de “fábricas de verduras”, prédios inteiros projetados para a produção de alimentos frescos. “Começamos a utilizar o sistema aeropônico de seis fileiras para cultivar verduras com ajuda de luz LED”, explicou. “É a fase experimental. Se o modelo funcionar, o sistema multiestantes poderia ser instalado em edifícios fechados. Isto melhorará as oportunidades da agricultura urbana”, afirmou.Desde 2005, o governo abandonou algumas de suas dúvidas sobre a produção agrária em telhados. A Junta Nacional de Parques converteu o teto de um prédio residencial de muitos andares em uma horta para promover a agricultura urbana entre estudantes. Entretanto, a Sky Green assinou um memorando de entendimento com o instituto politécnico Temasek de Singapura.Lee Chee Wee, diretor da Faculdade de Ciências Aplicadas, pensa que a associação com a Sky Green exporá seus estudantes ao uso da tecnologia no cultivo de verduras e fará da “agricultura moderna uma carreira muito mais atraente para os estudantes”. Envolverde/IPS

por Kalinga Seneviratne, da IPS
A situação piorou nos últimos cinco anos. Foto: leoffreitas

Brasil perdeu o equivalente ao estado do Rio de Janeiro de áreas protegidas

 Quarenta e cinco quilômetros quadrados. Essa é a dimensão da perda de áreas protegidas no Brasil, em 30 anos. O tamanho equivale, aproximadamente, ao estado do Rio de Janeiro. E se as informações parecem assustadoras, é válido ressaltar que tem outra notícia: nos últimos cinco anos, a história se complicou, devido, sobretudo, as obras de infraestrutura ligadas ao setor elétrico, realizadas pelo governo federal na Amazônia.Os dados fazem parte de um estudo realizado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que contabilizou todos os eventos de redução, declassificação e reclassificação (RDR) em unidades de conservação do país desde 1981. Segundo os pesquisadores, cerca de 70% dos casos de RDR aconteceram a partir de 2008."O que era para ser uma exceção vai se tornar a regra? Essa é a dúvida", questionou ao Estadão, um dos autores do estudo, Enrico Bernard, do Departamento de Zoologia da UFPE.O setor elétrico foi o maior motivador da destruição, com a marca de 21 eventos (equivalente a 44%, do total), incluindo 11 declassificações (em que unidades de conservação deixaram de existir), nove reduções e uma reclassificação."A maior parte desses eventos ocorreu a partir de 2010, com a publicação do plano de energia do governo, que aponta a Amazônia como grande reservatório de energia do Brasil", pontuou Bernard. Especulação imobiliária e agronegócios também fazem parte da lista das causas da perda de áreas protegidas.O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) defendeu que, apesar do impacto causado, as construções realizadas nestes locais refletiram no crescimento do país. "Entendo que a tendência é estabilizar o número de ações em unidades de conservação. Uma coisa era o país há cinco ou dez anos. O grosso da afetação está concluído", analisou.A pesquisa, que ainda não foi publicada em revistas científicas, não levou em consideração os territórios indígenas, apenas unidades de conservação estaduais e federais.* Publicado originalmente no site EcoD.

por Redação do EcoD
Foto: Reprodução/Internet

As águas contaminadas da indústria têxtil

Cidade do México, México, 21/12/2012 – A indústria têxtil mexicana, em particular a que elabora produtos para grandes marcas de prestígio mundial, é acusada de inundar rios e outros cursos de água com resíduos contendo substâncias nocivas à saúde e ao meio ambiente. Esta situação, apesar de ser denunciada, continua sendo negada, afirmam ativistas.Praticamente a totalidade da roupa feita nas grandes fábricas do país “contém substâncias químicas perigosas”, assegurou à IPS o coordenador da campanha Tóxicos, do capítulo mexicano do Greenpeace, Pierre Terras. “São amplamente usadas, o que é preocupante. Não sabemos o quanto pode ser perigosa sua exposição, mas quando liberadas na água se tornam ativas e se convertem em tóxicas”, acrescentou.Em seu informe Fios tóxicos: Desnudados. Expondo o papel da indústria têxtil na contaminação dos rios do México, o Greenpeace indica que as têxteis nacionais Lavamex, do Grupo Inisa, e Kaltex, filial do consórcio de mesmo nome, lançam poluição no São Pedro e no São João, dois cursos fluviais que atravessam os Estados de Aguascalientes e Querétaro, ao norte da Cidade do México. A Inisa e a Kaltex são fornecedoras de redes globais de vestuário, com as norte-americanas Levi Strauss e Nike, a germano-holandesa C&A e a francesa LVMH, além de produzir, tingir e lavar tecidos neste país.“Muitas das substâncias químicas identificadas são usadas na produção das fábricas têxteis, ou são criadas como resultado da decomposição das substâncias químicas usadas no processamento”, diz o documento, precedido por cinco estudos sobre descargas e usos de substâncias perigosas neste setor da economia e no de calçados, na China e em outros países. O documento sobre o México, divulgado no dia 5, afirma que se desconhece o alcance da contaminação e que a regulação é limitada e desobedecida.A partir de 1994, instalaram-se no México dezenas de unidades de “maquiagem” (zona franca de fábricas para exportação), atraídas pelos baixos salários e custos para abastecer os mercados dos Estados Unidos e do Canadá, no contexto do Tratado de Livre Comércio da América do Norte, assinado pelos três países naquele ano. Esse tipo de indústria, que goza de isenções de impostos, baixas tarifas de água e eletricidade, e flexibilidade trabalhista, se dedicam especialmente à produção de roupa e montagem de automóveis e aparelhos eletrônicos.As indústrias têxteis nestas áreas empregam mais de 500 mil pessoas na confecção de camisetas, calças jeans e outras peças com algodão rústico, para exportá-las aos Estados Unidos, de quem o México é o quarto fornecedor de tecidos e vestuário, segundo a Associação da Indústria Maquiadora e de Exportação. Desde outubro de 2011, o México exportou US$ 4,684 bilhões em roupas e tecidos para os Estados Unidos, segundo o Escritório de Vestuário e Têxteis do Ministério de Comércio norte-americano.“Há uma enorme quantidade de descargas clandestinas. As que mais acontecem são as das indústrias e as do ‘rastro’ (instalação onde se mata e corta gado). Temos uma contaminação brutal. Não são aplicadas as normas. É incrível a negação do problema”, disse à IPS a ativista Enriqueta Medellín, fundadora em 1992 da não governamental Consciência Ecológica de Aguascalientes.O Greenpeace coletou amostras dos lançamentos em maio, as quais analisou nos laboratórios da britânica Universidade de Exceter, e que apresentaram a presença de restos químicos como nonilfenol, benzenos triclorados e ftalatos, usados na produção de detergentes, resinas e plásticos. As normas mexicanas para descarga de águas residuais se baseiem em níveis permissíveis de oito indicadores de qualidade de água e concentrações de nove metais pesados. No entanto, não medem outras substâncias e falta regulação para as águas coloridas, como as lançadas pelas maquiadoras.Em resposta à IPS, a Lavamex respondeu via e-mail que “se orgulha de ser um cidadão (sic) responsável com o meio ambiente e de trabalhar diligentemente com o governo, seus clientes e grupos de monitoramento para garantir que se cumpra, e até se exceda, os padrões” ambientais. Por sua vez, a Kaltex, que já se estendeu para Estados Unidos, América do Sul e Europa, negou-se a comentar a questão para a IPS.Cerca de 60 casos de contaminação da água, superexploração de aquíferos e dificuldades de acesso ao líquido no México chegaram ao Tribunal Latino-Americano da Água, instância da sociedade civil criada em 2001 para julgar as políticas hídricas aplicadas pelos Estados. “Deveria ser declarada uma urgência nacional pela água. As políticas de desenvolvimento colocam em risco a riqueza hídrica”, afirmou o presidente do Tribunal, o costarriquenho Javier Bogantes.Na semana passada, essa entidade considerou culpados a Cidade do México e o país como tal, pela “violação dos tratados internacionais e do ordenamento jurídico interno, que garantem o direito à água” e pela incapacidade das autoridades “para estabelecer mecanismos efetivos de acesso à justiça ambiental”. O tribunal, que analisou o expediente “Possível colapso hídrico no México e violação do direito humano à água de suas presentes e futuras gerações”, apresentado pela não governamental Assembleia Nacional de Afetados Ambientais, reconhece “a crescente deterioração do direito humano à água” e “a insuficiência dos mecanismos jurídicos e políticos” para freá-la.O Greenpeace tenta conseguir que as marcas internacionais de grande prestígio exijam padrões ambientais das maquiadoras mexicanas. “A primeira resposta é da marca que compra desses fornecedores, porque tem a capacidade de mudar a cadeia de suprimentos para garantir aos seus clientes produtos sem tóxicos e sem contaminação”, destacou Terras.Seis marcas de moda e roupa esportiva uniram-se ao desafio Detox, que o Greenpeace, que já realizou uma campanha mundial para que Levi Strauss também se integre, lançou em 2011 mediante compromissos individuais para alcançar o lançamento zero de substâncias perigosas até 2020. Além disso, a organização pede ao governo mexicano que liste as substâncias químicas perigosas para exercer ações imediatas e um registro público sobre os lançamentos, as emissões e os vazamentos desses compostos.Em sua sentença, o Tribunal, que se reunirá novamente em outubro de 2013 na cidade de Lima, sugeriu defender as leis e políticas para o acesso à água e rever o sistema de procuração de justiça ambiental. Envolverde/IPS

por Emilio Godoy, da IPS
oleo

Empresas de óleo de cozinha, baterias e filtros automotivos assinam termo de compromisso para coleta de resíduos

São Paulo – Associações brasileiras de óleo vegetal, baterias e filtros automotivos assinaram ontem (20) um termo de compromisso com o governo do estado de São Paulo em que se responsabilizam pela coleta de resíduos de seus produtos nos municípios paulistas.De acordo com o secretário do Meio Ambiente do estado, Bruno Covas, a ação demonstra o amadurecimento do setor produtivo, que entendeu a importância de se investir no destino final dos resíduos sólidos. “A gente tinha uma cadeia produtiva linear. O produto era criado, consumido e jogado fora. A gente está, aos poucos, introduzindo uma cadeia produtiva circular. Esse produto, depois de ser utilizado, é reaproveitado e com apoio e financiamento da própria indústria”, declarou.O termo foi assinado também pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e a Associação de Empresas de Filtros e seus Sistemas Automotivos e Industriais (Abrafiltros).No caso da Abiove, que representa empresas responsáveis pelo processamento e fabricação do óleo de cozinha, haverá ampliação do número de pontos de coleta já existentes, passando dos atuais 800 locais de recolhimento para cerca de 1.000 em todo o estado. Segundo Bernardo Machado Pires, diretor de Sustentabilidade da Abiove, a ideia é aumentar para 900 pontos, em um prazo de dois a três anos, e chegar a 1.000 em, no máximo, quatro anos.Bernardo destacou também a criação do site www.oleosustentavel.org.br para orientar os consumidores sobre os pontos de entrega mais próximos. “Toda indústria que fabrica produtos que tenham impacto ambiental têm a responsabilidade, compartilhada com os governos, de ajudar a trazer de volta esses resíduos”, disse.Após a coleta do óleo, organizações não governamentais (ONGs) cadastradas se encarregam do reaproveitamento do material. “O óleo é muito usado para biodiesel, tintas, vernizes e sabão. Tem muitas comunidades que usam esse óleo e até têm um bom retorno econômico. Uma boa alternativa de trabalho e renda para as comunidades mais pobres”, disse Bernardo.Já a coleta dos filtros automotivos usados, feita pela Abrafiltros, teve início em julho deste ano, como forma de teste, em um grupo de cerca de dez municípios do estado. Segundo João Moura, presidente da associação, o recolhimento tem sido feito nos postos de combustíveis, de onde os filtros são enviados para usinas de processamento. “Lá, sofrem uma lavagem inicial e depois são triturados. A chapa é separada do resíduo do meio filtrante, que são papéis, cola, borracha e plástico que determinados filtros usam. Depois, são compactados e a chapa é enviada para a usina e os resíduos de papel, borracha, plásticos seguem como componente energético em cimenteiras”, disse.Ao contrário do óleo, que tem custo baixo para reciclagem, os filtros exigem maior investimento das empresas fabricantes. “Para o nosso setor é um custo muito representativo, porque o filtro é um dos poucos que você não pode reaproveitar. O único benefício é para o meio ambiente”, declarou Moura.André Luis Saraiva, diretor de Responsabilidade Socioambiental da Abinee, informou que, no setor de baterias automotivas, a logística reversa já é uma realidade. “Hoje, esse segmento recicla 98% do volume comercializado”, disse. Segundo Saraiva, sempre que um consumidor vai a uma autoelétrica trocar a bateria do carro, ele entrega o produto antigo ao revendedor que o repassa para a destinação correta.A importância da assinatura do acordo de hoje, de acordo com o diretor da Abinee, está na fiscalização do cumprimento da lei. “A Cetesb pode ampliar a sua margem de ver quem não está cumprindo o acordo. As empresas que não estiverem cumprindo sofrerão as sanções que a lei prevê”, disse.De acordo com o secretário do Meio Ambiente, os próximos setores a adotarem o sistema de logística reversa são o de lâmpadas fluorescentes e de embalagens de alimentos e bebidas. “Vamos chegar em um futuro, espero não muito longe, em que as indústrias que não tiverem o seu plano de logística reversa não vão poder comercializar no estado de São Paulo”, disse.* Edição: Lílian Beraldo.** Publicado originalmente no site Agência Brasil.

por Fernanda Cruz, da Agência Brasil
Um familiar expressa seu descontentamento diante da casa do adolescente assassinado Mohamad Slaymi. Uma nota na porta diz que ali viveu um mártir. Foto: Mel Frykberg/IPS

Terceira intifada palestina é vislumbrada no horizonte

 Hebron, Palestina, 21/12/2012 – Batalhões da União Nacional, um novo grupo que reúne partidários de todo o espectro político palestino, convocou uma terceira intifada (levante popular) contra a ocupação, ao mesmo tempo em que a inteligência israelense alerta que estão dadas as condições para isso na Cisjordânia. Os dois pronunciamentos ocorrem após uma série de protestos e enfrentamentos entre soldados de Israel e jovens palestinos em diferentes localidades da Cisjordânia no final de semana passado, após a morte de Mohammad Salayma, de 17 anos, nas mãos de um guarda fronteiriço em Hebron.Seguidores do Hamás (Movimento de Resistência Islâmica), Fatah, Jihad Islâmica e da Frente Popular de Libertação da Palestina anunciaram a criação dos Batalhões da União Nacional (BUN), por intermédio de um vídeo distribuído no mesmo final de semana.O novo grupo se propõe consolidar a luta contra Israel. Embora tenha apoiado o reconhecimento pela Organização das Nações Unidas (ONU) da Palestina como membro observador, declarou que lutará para “recuperar toda a Palestina, do Mar Mediterrâneo ao Rio Jordão”. Segundo o vídeo, “este é o começo da terceira intifada palestina, que começa no coração de Hebron e se propagará por toda a Palestina”. As duas revoltas populares anteriores aconteceram entre 1987 e 1993 e de 2000 a 2005.Os membros dos BUN ameaçaram sequestrar soldados de Israel caso as forças militares desse país não suspendam a detenção de cidadãos palestinos. Também disseram que se o Estado judeu continuar matando civis com impunidade pagará pela mesma moeda.As demandas do grupo incluem a eliminação dos postos de controle na Cisjordânia, a libertação de todos os presos palestinos das prisões de Israel, a retirada deste país dos territórios que ocupa e a transferência à Autoridade Nacional Palestina (ANP) da arrecadação de impostos, confiscada pelo Estado judeu desde que melhorou seu status na ONU. Também reclamam a abertura de todas as passagens fronteiriças e o fornecimento de água e eletricidade à assediada Faixa de Gaza.A declaração foi difundida no dia 14, um dia após a morte de Salayma, sobre a qual soldados israelenses alegaram que foram ameaçados com uma arma de plástico. Contudo, a família do jovem deu à IPS uma outra versão para o caso. “Duvido que Mohammad tivesse uma arma de plástico. Creio que os israelenses a colocaram depois do disparo”, denunciou à IPS o tio do rapaz, um policial da ANP. Ele acrescentou que “era o aniversário de Salayma, que saiu para comprar um bolo para comemorar. Para ir à loja tinha que passar por um posto de controle militar, na ida e na volta. Se tivesse a réplica de uma arma, a máquina de raio X a teria detectado”.Nasim Salayma, de 22 anos, primo da vítima, afirmou que “era um estudante feliz e inteligente, e representou a equipe Palestina de luta na França. Voltava para casa com o bolo e somos obrigados a acreditar, de repente, que tentou impor-se a um grupo de soldados treinados e fortemente armados? Ele não era estúpido”.Organizações internacionais defensoras dos direitos humanos, bem como palestinas e israelenses, registraram ao longo dos anos numerosos casos de palestinos assassinados por soldados israelenses em circunstâncias extremamente controvertidas. Do que não resta dúvida é que este último assassinato gerou um profundo mal-estar. Centenas de jovens saíram às ruas de Hebron no dia 13 para expressar seu descontentamento contra soldados israelenses, atirando pedras e queimando pneus.Dezenas deles ficaram feridos, alguns gravemente, atingidos por munições reais e gás lacrimogêneo. Os protestos se espalharam a outros povoados e outras cidades da Cisjordânia. A IPS testemunhou enfrentamentos em Hebron no dia seguinte, durante uma manifestação de partidários do Hamás que comemoravam o 25º aniverário da criação desse movimento.Foi a primeira vez em anos que a ANP permitiu ao Hamás organizar uma manifestação na Cisjordânia, no contexto de uma aproximação entre essa organização e o Fatah, principais partidos palestinos arquirrivais. Os pequenos passos para a unidade foram dados após o fortalecimento político do Hamás, depois do último ataque israelense contra Gaza, de 14 a 21 de novembro, que uniu os palestinos de todas as facções. As forças de segurança dos dois partidos também reduziram drasticamente o número de detenções mútuas.Essa situação fez com que a imagem do Hamás crescesse na Cisjordânia, somada à próxima transferência por Israel de vários presos dessa organização de Gaza para a Cisjordânia, e pode consolidar mais a sua presença neste território palestino. Outro elemento que pode contribuir para nova insurreição popular é o possível colapso ou a dissolução da ANP pelo fato de o Estado judeu confiscar mais de US$ 1 milhão de impostos dos palestinos.A ANP é a fonte de renda de várias centenas de famílias palestinas, o que faz numerosos especialistas preverem que um desemprego em massa se seguirá à dissolução desta entidade e deixará os palestinos em uma situação desesperadora. A indignação dos palestinos aumentou com o recrudescimento de ataques de colonos israelenses e a contínua expropriação de suas terras. Além disso, depois do reconhecimento internacional que significou a melhora de status dentro ONU, cresceu o sonho de um Estado próprio.Enquanto isso, a Shin Bet, a agência de inteligência interna, observou que o malestar generalizado nos territórios ocupados pode fomentar o desenvolvimento de um tipo de infraestrutura capaz de incentivar uma terceira intifada, segundo a imprensa israelense. Envolverde/IPS

por Mel Frykberg, da IPS
Yomara e uma professora na aula de reforço escolar no centro educacional de Portada Alta, Málaga, Espanha. Foto: Inés Benítez/IPS

Ciganos abrem caminho na Espanha

 Málaga, Espanha, 21/12/2012 – Daniel se apresenta como “cigano e guitarrista”, Francisco José pretende ir para a universidade estudar medicina, e Yomara sugere com timidez seu gosto pela cozinha, enquanto María não tem claro o que deseja estudar. Com idades entre 12 e 17 anos, estes alunos de um centro educacional da cidade espanhola de Málaga pertencem à comunidade cigana ou romani, marcada por altos índices de abandono e ausência escolar.Apesar de “avanços notáveis” na escolarização infantil desta etnia nos últimos 30 anos, apenas 20% dos que começam a educação secundária obrigatória (quatro cursos entre os 12 e 16 anos) a terminam, disse à IPS o subdiretor de ação institucional e desenvolvimento territorial da Fundação Secretariado Cigano (FSC), Humbergo García. Isto “representa uma queda de 80% em relação aos que iniciaram, e nem todos o fazem”, acrescentou.O Conselho da Europa estima que a comunidade cigana espanhola está integrada por 725 mil pessoas, o que representa 1,57% dos 46 milhões de habitantes deste país. Embora haja pessoas desta etnia em todas as profissões, o normal é que se dediquem à venda ambulante em mercados e à coleta de ferro e papel velhos.“Não estudei na escola e não quero que meus filhos sejam como eu, mas que possam se relacionar com outros e serem alguma coisa na vida”, declarou à IPS a cigana Antonia Martín, de 44 anos e mãe de Yomara (16), José (15) e Jesús (24), e avó de um menino de dois anos.Ao seu lado, seu marido, Antonio Campos, filho de pais mascates e empregado desde os 17 anos em um campo de golfe da costa malaguenha, argumenta que “é preciso mudar a mentalidade dos ciganos, que pensam que é preciso viver como nossos avós, porque hoje há mais recursos e podemos viver melhor, com mais educação, e sermos mais respeitados”.“Ser catador ou mascate não é vida, sem pão hoje e fome amanhã”, pontuou Campos, favorável a “romper as barreiras” que o antigo modo de vida dos calós impõe. Caló é a fala própria dos ciganos espanhóis, que foram perdendo sua língua romani pela imposição do idioma local, e também é uma forma de nomear esta comunidade.No entanto, a palavra “cigano” neste país não tem a carga pejorativa de outros lugares, o que não significa que a Espanha esteja livre de discriminar a minoria étnica mais importante da Europa. Até a democratização e a Constituição de 1978, o povo cigano não tinha os mesmos direitos que o resto da população. Desde então a escolaridade foi aumentando a partir de níveis muito baixos até chegar a 93,2%.“A educação e o emprego são dois fatores fundamentais para a inclusão do coletivo de pessoas ciganas”, afirmou García, da FSG, cujo programa Promove busca dar a volta no fracasso escolar atuando com alunos, famílias e centros educacionais de áreas escolhidas. Este programa é desenvolvido em 27 cidades e 300 centros de ensino espanhóis. Em Málaga conta com quatro pessoas que atendem meia centena de estudantes e suas famílias, em contato com os professores.Elas coordenam visitas aos pais em suas casas e aulas de reforço, como a que toda terça-feira reúne Daniel, Yomara, María, Francisco José e outros no instituto Portada Alta, em Málaga. “Tudo gira em torno de combater a ausência nas aulas”, explicou à IPS a professora de biologia Isabel Passas, do centro educacional Guadalmedina, onde 80% dos alunos são ciganos. Passas lamenta que a maioria das meninas deixe os estudos antes dos 14 anos, quando são “pedidas” em casamento – tradição de sua etnia – e em seguida engravidam.Antonia Martín não quer que sua filha Yomara se case já. “Tão nova, não quero e ela também não quer. É muito atraso se casar e ter filhos tão cedo, ela terá tempo”, disse esta mulher com nove irmãos. Quando criança, coube a ela acompanhar a mãe na venda de frutas e roupas pelas ruas. Muitos pais usam os filhos na venda ambulante e interrompem seus estudos, contou à IPS a subdiretora do centro de Portada Alta, María Victoria Toscano.A crise econômica que castiga a Espanha também afeta o tradicional comércio de rua. Segundo Campos, que tem familiares nessa atividade, “pouco se vende e há uma grande competição” de imigrantes. Segundo o estudo População cigana, emprego e inclusão social, publicado este ano pela FSC, o desemprego neste grupo quase triplicou entre 2005 e 2011, chegando a 36,4% da população economicamente ativa.Enquanto em 2005 o desemprego cigano estava 5% acima do geral, hoje a diferença é de 14%. “A crise afetou a todos, mas de forma mais severa os mais vulneráveis”, detalhou García. Além disso, o olhar da sociedade “continua sendo muito negativo e há uma importante rejeição social”, acrescentou. Por isto, é difícil fazer com que estudem crianças que talvez não encontrem trabalho por pertencerem a esta minoria.Há quatro anos ensinando meninos e meninas ciganos, o professor de língua e literatura Antonio Blanco, do centro Guadalmedina, destacou a importância de estabelecer vínculos emocionais e criar um clima que anime a seguir acompanhando as aulas. Contudo, a situação da comunidade cigana na Espanha é muito melhor do que no resto da União Europeia.“Há problemas, mas menos que na França, Romênia ou em Portugal”, admitem à IPS fontes da FSC. Os ciganos espanhóis se beneficiam do caráter universal do atendimento à saúde e de programas de acesso a moradias para pessoas de baixa renda. A maioria deles vive em casas em bairros operários e apenas uma pequena parte está em condições realmente marginalizadas; mas sobrevive o estereótipo do cigano vagabundo ou ladrão.Assim fica a questão de até onde integrar-se a uma sociedade que discrimina. Os familiares de Antonia Martín dizem que ela e os seus estão “apayaos” (os ciganos chamam de “payos” os castelhanos ou os ocidentais). E seu marido acredita que “os ciganos não devem ficar todos juntos, mas espalhados para que se adaptem a outro modo de vida”. Envolverde/IPS

por Inés Benítez, da IPS
Antártica é região estratégica para estudos climáticos

Brasil completa 30 anos de expedições para a Antártida

Há 30 anos, no dia 20 de dezembro de 1982, zarpou do Porto de Santos em direção ao polo sul o navio oceanográfico W. Besnard, do Instituto Oceanográfico (IO) da USP. A embarcação conduziu o primeiro grupo de pesquisadores brasileiros para a Antártida e foi decisiva para o reconhecimento da ciência brasileira por toda a comunidade internacional.Em 1959, 12 países assinaram o Tratado Antártico. O Brasil viria assinar o documento somente em 1975 e em 1983 passou a integrar a Parte Consultiva, que dava direito a voz e voto sobre as decisões do destino do continente. Para ser membro consultivo, o pré-requisito exigido pelo Tratado era que o país promovesse algum tipo de pesquisa na região.A Antártida interessa ao Brasil, essencialmente, por três razões: Segurança nacional, pois é uma das únicas passagens do oceano Atlântico para o Pacífico, através do estreito de Drake; Econômica, por conta das riquezas naturais; e Científica, devido as especificidades da região em todos os sentidos, principalmente no papel exercido pelo oceano sobre as condições climáticas do planeta.Por conta disso, o Brasil lançou em janeiro de 1982 o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), um esforço interministerial que contou com o apoio da Marinha e financiamento do CNPq, a fim de possibilitar condições para que pesquisadores brasileiros pudessem chegar a Antártica. “O coração do PROANTAR é a logística oferecida, o favorecimento da pesquisa lá. Não basta apenas o pesquisador querer ir. É necessário que o país ofereça condições de embarque e recursos financeiros para viabilizar a pesquisa”, afirma a professora Elisabete S. Braga.Até os dias de hoje, o PROANTAR garante a presença científica dos brasileiros no continente gelado. Com média anual, desde a primeira expedição, de 20 projetos de pesquisa, o programa é dividido basicamente em duas partes, pesquisas em mar e em terra.Em 1984, o PROANTAR construiu a estação Comandante Ferraz, onde eram realizadas as pesquisas em terra na Antártida. No entanto, estes estudos foram interrompidos devido a um incêndio que destruiu a estação, em 25 de fevereiro de 2012. Todos os esforços do programa hoje estão direcionados para a reconstrução da base. As pesquisas nas águas prosseguem. Para Elisabete, é imprescindível que as pesquisas continuem. “Não podemos interromper 30 anos de pesquisa, inclusive porque seria colocada em risco a própria presença do Brasil enquanto membro consultivo do Tratado Antártico”. As pesquisas oceanográficas na região são fundamentais, por conta da importância do continente enquanto “radiador” do planeta.Primeiro brasileiroMuito antes da primeira expedição brasileira, o primeiro brasileiro a fazer parte de uma expedição científica para a Antártida foi o meteorologista Rubens Junqueira Villela, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. A bordo do navio norte-americano Glacier, Villela embarcou no ano de 1961 enquanto jornalista. Apenas quando já havia embarcado, recebeu do CNPq o título de observador científico, o que lhe deu a condição de ser o primeiro brasileiro a fazer parte de um grupo científico no continente.Entretanto, Villela considera de maior relevância a sua participação na primeira expedição brasileira. O meteorologista participou de toda a preparação do W. Besnard e foi um dos 12 pesquisadores que, juntamente com 24 tripulantes, todos homens, desbravou os mares e garantiu uma posição inédita para o Brasil ante a comunidade internacional.Além de promover pesquisas meteorológicas, Villela foi o responsável por garantir a segurança da viagem, através de previsões de tempo e produção de cartas sinóticas, que faziam uma espécie de mapeamento da região por meio de informações recebidas via rádio.Villela participou de outras cinco expedições à Antártida. Contudo, ele ressalta as dificuldades daquela primeira expedição brasileira, que eram desde o próprio navio, considerado inadequado para enfrentar o percurso, às condições climáticas desfavoráveis, e até os incidentes diplomáticos na Argentina, onde todos os presentes no W. Besnard foram obrigados a subir ao convés, durante a madrugada, para preenchimento de formulários. Na época, a Argentina fazia campanha contra a presença brasileira na região, e a incorporação do Brasil enquanto membro consultivo do Tratado Antártico. A chegada a Antártica aconteceu no dia 9 de janeiro de 1983.W. Besnard: Um patrimônio HistóricoResponsável pela condução dos primeiros pesquisadores para a Antártida, e por mais seis expedições para o continente até o ano de 1988, o W. Besnard não está mais em atividade, e foi substituído recentemente pelo navio Alpha Crucis.Como não será mais utilizado para qualquer trabalho de campo, W. Besnard, de propriedade da USP, terá seu destino decidido após a análise de algumas possibilidades. A manutenção da embarcação, mesmo em água, é muito cara, e um dos fins cotados é o afundamento controlado, a fim de transformá-lo em um recife de corais.Para Elisabete, este seria um fim trágico para o navio. “Aqui no IO somos contrários ao afundamento. Poderíamos transformá-lo em um museu visitável, o que seria bom para a educação ambiental e para sua preservação histórica. Hoje o instituto se esforça para mantê-lo enquanto patrimônio visitável, histórico e educativo. É preciso reconhecer o que significa o navio W. Besnard.”O W. Besnard foi uma plataforma da USP, utilizada pelo IO, que mudou o estatus político do Brasil no cenário internacional.* Publicado originalmente no site Agência USP.

por Igor Truz, da Agência USP
Foto: Divulgação

Brichos: A aventura dos bichos brasileiros que vai encantar toda a família

Uma turma de bichos brasileiros vai invadir as telonas de cinema nestas férias.O Jaguar Tales e sua turma têm a missão de salvar a floresta da Vila dos Brichos das maldades de três vilões da pesada: Ratão (André Abujamra), o terrorista Al-corcova (Antônio Abujamra) e MR. Birdestroy (Marcelo Tas), o investidor internacional que vai tentar destruir a natureza em busca do lucro fácil.Essa história você confere no longa-metragem Brichos 2 - A floresta é nossa. A animação estreia dia 25 de dezembro em mais de 50 salas de cinema do Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Salvador, Campinas, Ribeirão Preto entre outras cidades.Depois que o filme acaba a aventura continua, o diretor do filme Paulo Munhoz conta que Brichos vai  estrear também na televisão. Os primeiros episódios da série estão sendo produzidos no estúdio Tecnokena, em Curitiba, e devem ganhar as telinhas no canal TV Brasil. São 13 episódios de 11 minutos cada, com estreia prevista para 2013.Tales e toda a turma não param por aí. Brichos ganhou vida num jogo para smartphone. O aplicativo pode ser baixado em qualquer celular Apple ou Android a partir do dia 25 de dezembro.Quando a história começou:No primeiro longa-metragem lançado em 2006, Brichos conta a saga dos meninos que participam de um campeonato internacional de videogame. Neste novo filme - Brichos, A floresta é nossa - o pano de fundo é a sustentabilidade planetária.  Além do lançamento do segundo longa, uma minissérie para TV, um game para smartphone e dois livros sobre as histórias fazem parte do projeto.Uma série Brichos - a natureza da cultura, também já foi ao ar em 2009.Brichos é um projeto trans mídia  com livro, filme, série de televisão e game. Os personagens são a expressão audiovisual que representa o Brasil e toda a sua natureza.Confira a seguir a entrevista com o diretor Paulo MunhozA Floresta é Nossa pode ser considerada como uma continuação do Brichos, seu desenho animado anterior?Paulo Munhoz - Não, é uma aventura completamente diferente. Enquanto em Brichos, o primeiro filme, tínhamos a questão da identidade cultural brasileira tratada através da saga dos meninos que participam de um campeonato internacional de videogame, neste novo filme - Brichos, A  floresta é nossa - temos o pano de fundo da sustentabilidade planetária que suporta uma aventura divertida e contagiante onde vemos nossos personagens em várias partes do globo, numa aventura de suspense, ação e mistério.Além do filme, há também o livro, não é mesmo?Paulo Munhoz - Brichos é nosso projeto principal e envolve muita coisa. Tivemos o primeiro longa, uma minissérie de Brichos - A Natureza da Cultura, já fizemos dois livros, estamos agora para lançar o segundo longa, faremos uma grande série para TV e vamos lançar junto com o longa um game para smartphone. Enfim, Brichos é um projeto transmídia e nossos personagens são a expressão audiovisual que representa nosso povo e nossa natureza.Um dos personagens principais é um filhote de Jaguar que se chama Tales, que é também o nome de seu filho. Quem “nasceu” primeiro?Paulo Munhoz - O Tales, meu filho, é meio “pai” do filme (risos). Explico: eu pensava em primeiro fazer um longa, e depois ter um filho. Mas o tempo foi passando, passando e o longa não vinha. Quando percebi, eu já tinha quarenta anos. Assim, eu e a minha esposa Daniella decidimos ter um filho. Foi fantástico! Quando peguei o Tales no colo, recém-saído da barrida da mãe, eu olhei para ele e vi que tudo o mais não tinha tanto sentido. Não me importava mais ter um longa ou não, ser cineasta ou pipoqueiro ou banqueiro.Nada substituiria aquela obra. Uma obra que andaria por suas próprias pernas. Bem, uma semana depois vem o resultado da Petrobras que viabilizou o projeto do primeiro filme, Brichos. Intimamente, eu queria dar o nome de Tales para o filhote de jaguar, mas de certa forma parecia apreço de pai. Passamos então a chamar o personagem de Sol. Mais pra frente acabei batizando o jaguarzinho de Tales mesmo.Hoje, nosso novo longa vai ter sua pré-estréia nacional no Anima Mundi.  O Tales, com 8 anos fez um filme em animação que foi selecionado para o festival também. Acho que temos um futuro animador pela frente (nos dois sentidos).E o Marcelo Tas no filme, como foi isso?Paulo Munhoz - É simplesmente genial. Eu havia criado o vilão, Mr. Birdestroy, um pouco inspirado na figura do Tas. Na hora de fazer a voz eu queria um nome de projeção nacional para o filme. Pensei, pensei e resolvi lhe mandar um e-mail. Em alguns minutos tive a resposta - Tô nessa! E vocês vão ver, ficou demais.E o Abujamra?Paulo Munhoz - Nossa, essa foi outra bênção para o filme. Do primeiro longa para este, uma das nossas grandes perdas foi a morte do ator Mário Shoemberger que fazia o papel do Ratão, grande bandido da Vila. Para substituí-lo eu chamei o André Abujamra que fez uma voz maravilhosa e ainda nos trouxe para o elenco o seu pai, o gigante ator Antônio Abujamra, que fez um Al Corcova impagável. Fiz questão de homenageá-lo nos créditos finais, aliás, não percam, é muito engraçado.Como você trabalha a voz dos personagens?Paulo Munhoz – Eu gosto de gravar as falas, dirigindo os atores na busca da personalidade que imagino para cada figura e cada momento. Depois passo o áudio para os animadores. Assim, eles já partem de uma boa interpretação sonora para dar vida aos movimentos. Por exemplo, a Fabíola Nascimento (Estômago) fez o personagem Dumontzinho. A voz já carrega a impressão dos movimentos que ele vai ter. O legal é que o envolvimento do ator contribui muitíssimo para a performance visual. E nem sempre dá certo. Não basta atuar bem, a voz precisa combinar com o traço, com a forma.BRICHOS - A Floresta é Nossa é feito em que técnica ou técnicas?Paulo Munhoz – É um filme em desenho animado, ou seja animação 2D, totalmente feito no computador. Utilizamos técnicas de 3D para facilitar o a animação de algumas cenas, mas o resultado final é 2D.De que maneira a experiência de Brichos contribui para A Floresta é Nossa?Paulo Munhoz - Eu aproveitei todas as sessõesem que Brichosfoi exibido e todos os retornos recebidos para desenvolver este novo projeto. Assim tivemos subsídios para um redesign dos personagens e para criar um roteiro com ainda mais ação. São mantidas as personalidades dos personagens além, é claro, de um tipo de conteúdo realmente preocupado com a questão ecológica.Podemos dizer então que os Brichos continuam em atividade?Paulo Munhoz – Sim, desde que nasceram nunca pararam. Para se ter uma ideia, o primeiro filme foi lançado em 2006 e até hoje é exibido. Nós já acumulamos com esse primeiro trabalho mais de 150 mil pessoas em salas de cinema, fora os milhões que já viram pela TV (TV Brasil, TV Cultura, TV Aparecida). Além disso, tivemos circulação em outros países, em muitos festivais e mostras. Certa vez, uma senhora de Belo Horizonte nos mandou um e-mail perguntando onde encontrar o DVD do filme, pois ela queria que fosse o tema da festa de aniversário do filho dela, que ocorreria num cinema. No começo deste ano lançamos o livro A FLORESTA É NOSSA na livraria Cultura. Um menino, chamado Oto, chegou para mim e falou assim: ¨Paulo Munhoz, você precisa continuar com esse projeto dos Brichos, é muito importante para nós!¨.  É muito gratificante e ao mesmo tempo é muita responsabilidade.Como você conseguiu viabilizar esta produção?Paulo Munhoz – Nós fomos contemplados no edital de cinema do BNDES que aportou o montante necessário para iniciarmos o projeto. Ganhamos também o edital da Petrobras. Tivemos apoios da Corsan, do Rio Grande do Sul, do SESI e Senai do Paraná e recentemente ganhamos um edital de apoio à difusão da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Curitiba. 

por Assessoria de Imprensa

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