girafa O turismo a caminho de se multiplicar no Brics
Uma girafa da reserva de Madikwe, uma das atrações turísticas na África do Sul. Foto: Nalisha Adams/IPS

Johannesburgo, África do Sul, 28/2/2013 – O fluxo turístico a partir dos países emergentes começa a crescer, e nesse contexto a África do Sul se mostra determinada a aproveitar o fenômeno ao máximo, apresentando atrativos para cidadãos de seus aliados no Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). “A África do Sul precisa utilizar todas as oportunidades possíveis para promover sua oferta turística”, disse à IPS o presidente da Câmara Sul-Africana de Comércio e Indústria, Neren Rau.
“Brasil, Rússia, Índia e China têm um potencial grande para incentivar o turismo para a África do Sul, já que os mercados turísticos convencionais sofreram um grande impacto devido à crise econômica mundial”, argumentou Rau. Com a expansão da indústria, Índia, China e Brasil são destinos turísticos importantes para os sul-africanos, disse à IPS o presidente da South African Tourism, Thulani Nzima.
“Por isso, essa organização investe de modo significativo em conscientizar sobre a África do Sul como destino e em campanhas de marketing nesses países sócios no Brics”, afirmou Nzima. A China está de certo modo marginalizada das ambições da África do Sul, em boa parte devido às longas distâncias e pela falta de conexões aéreas diretas entre os dois países.
A cúpula do Brics, que acontecerá em março em Durban, na África do Sul, será uma oportunidade para promover este país como destino, ao mesmo tempo gerando benefícios para a indústria turística, pontuou Nzima. “O encontro terá uma significativa cobertura jornalística nas nações Brics, divulgando a capacidade, beleza e acessibilidade da África do Sul, bem com sua cultura quente e amigável com os turistas”, destacou.
Os últimos números sobre a quantidade de visitantes ao país mostram um saudável aumento em relação a outras nações Brics, nos primeiros nove meses de 2012. Nesse período, a quantidade de viajantes procedentes do Brasil cresceu 51,7%, da China 62,8%, da Índia 16,8% e da Rússia 34,6%. Porém, os viajantes combinados do Brics para a África do Sul ainda não superam os da Grã-Bretanha, o que destaca o aumento potencial que ainda deve se materializar nos mercados emergentes.
Michael Tatalias, presidente da Associação de Serviços Turísticos da África Austral (Satsa), disse à IPS que o primeiro passo para impulsionar o turismo entre os sócios do Brics é aumentar as conexões aéreas, o que também será bom para o comércio. “Um objetivo prioritário para a África do Sul será se converter em um centro de aerolinhas entre América do Sul e Ásia”, ressaltou.
Atualmente, cerca de um milhão de pessoas viajam por ano da América do Sul e Ásia através do Oriente Médio e da Europa, e a África do Sul poderia desviar parte desse tráfego aéreo, indicou Tatalias. “Para onde são abertas conexões aéreas, seguem viajantes de negócios, são feitos acordos e seguem o transporte de carga e o comércio por mar”, explicou. “Com maior acesso por ar, aumentam os negócios e o comércio. Mas o crucial é que o turismo consegue assentos na classe econômica para viajar por prazer”, acrescentou.
Nzima disse que “o Ministério do Turismo se manifestou fortemente sobre a importância de abrir os céus na África”. simplificar ao máximo os processos de concessão de vistos e eliminar todos os obstáculos possíveis para visitas à África do Sul são passos adicionais importantes que estão “recebendo considerável prioridade do governo”, acrescentou.
O Ministro do Turismo da África do Sul, Marthinus van Schalkwyk, visitou a China em janeiro para ver como sustentar o recente aumento do turismo, além de enfatizar a importância de seu sócio no Brics no desenvolvimento do setor. “Acreditamos em continuar com nosso emocionante crescimento em um mercado determinado a se converter no futuro em um dos destinos turísticos mais importantes do mundo”, enfatizou.
Schalkwyk trabalhou vários anos para criar um componente turístico no Grupo dos 20, chamado Turismo-20, ou T-20, um grupo de trabalho dos ministros de turismo das nações desse bloco. “De modo similar, deveríamos trabalhar para um grupo T-5, que reflita os cinco sócios do Brics. Este se centrará em resolver gargalos e obstáculos”, explicou Tatalias.
Por sua vez, Rau alertou que promover o turismo na África do Sul implica alguns dos desafios de promover o país em si mesmo. “É necessário sustentar o aumento do turismo, que deve ser apoiado com uma forte compensação daquilo que inibe o crescimento do turismo na África do Sul, como as percepções de que o crime não tem limites e de que há protestos violentos generalizados, bem como a insuficiente promoção dos serviços que o país tem para oferecer”, ressaltou.
Agora, o desafio para os líderes do Brics será ir além do intercâmbio de promessas, para chegar a um intercâmbio muito maior de turistas. Envolverde/IPS