Powered By Blogger

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Projeto busca diminuir fumaça gerada na produção de carvão

Emater estima existência de 2 mil fornos no Vale do Caí, Sinos, Paranhana e Taquari


Emater estima que existam 2 mil fornos no RS<br /><b>Crédito: </b> Tatiana Hentz / Divulgação / CP
Emater estima que existam 2 mil fornos no RS
Crédito: Tatiana Hentz / Divulgação / CP

 
A fabricação de carvão vegetal, a partir da árvore de acácia negra, é alternativa de renda para grande número de famílias no interior de municípios da região Metropolitana. Segundo a Emater/RS, a atividade carvoeira é muito forte nos vales do Sinos, do Caí, do Paranhana e do Taquari. Estima-se a existência de cerca de 2 mil fornos de carvão nestas áreas, sendo destaque os municípios de Salvador do Sul, com 600, e Brochier, com 450. As cidades de Presidente Lucena, Lindolfo Collor e Ivoti têm, juntas, 132 equipamentos. Montenegro, Taquara e Sapiranga também registram número considerável desses componentes.

A profissão carvoeira, porém, gera preocupação entre alguns moradores dessas localidades. Conforme Nelson Baldasso, supervisor regional da Emater/RS, muitos acreditam que a fumaça dos fornos é tóxica para o trabalhador e o meio ambiente. Ele apontou como principal dificuldade a falta de informação. “A atividade carvoeira é antiga. As cidades foram crescendo em volta das fábricas e os moradores começaram a se incomodar com a fumaça. Sempre que possível, explicamos que o resíduo, por ser de acácia, não é tóxico”, disse o supervisor regional. Baldasso frisou que o carvoeiro faz exames periódicos para controlar a inalação da fumaça.

Em Ivoti, a prefeitura decidiu buscar melhorias para a prática da atividade. No total, 25 profissionais das localidades 48 Alta, 48 Baixa, Picada Feijão, Nova Vila e Feitoria receberam instruções sobre o emprego de filtro nas chaminés. Integrantes da Secretaria Municipal de Saneamento e Meio Ambiente e do Departamento Municipal de Apoio à Agropecuária sugeriram uma estrutura formada por dois tubos para chaminé e outro para entrada das madeiras, o que reduz em até 70% a emissão de fumaça. A secretária de Saneamento e Meio Ambiente, Ninon Frota, lembra que, em março, foi procurada por uma advogada contratada por moradores incomodados pela fumaça. “Em nenhum momento eles quiseram a autuação dos carvoeiros, apenas a solução da questão da fumaça”, explicou.

O carvoeiro Delmar Becker trabalha há 42 anos e mantém, atualmente, nove fornos na localidade Nova Vila. Ele aderiu à sugestão da prefeitura. “É uma tentativa boa para diminuir a poluição. A fumaça não faz mal a ninguém. O problema é o cheiro e o incômodo que gera”, disse. O projeto piloto em Ivoti custa cerca de R$ 300,00 para instalação dos filtros. A ação é acompanhada por engenheiros da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural.

Desde 2009, a Universidade Feevale desenvolve projetos nos vales do Sinos e do Paranhana, a fim de trazer melhorias para os profissionais, através do Grupo Temático do Carvão Vegetal, criado por alunos e professores dos cursos de Química e Biologia. Já foi desenvolvido um coletor de licor pirolenhoso, substância obtida através da condensação da fumaça do carvão, adaptado à realidade regional de produção nas propriedades rurais. Liderado pela professora Ângela Beatrice Dewes de Moura, o projeto tem apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado. Os estudos são feitos por acadêmicos. Foi constatada a aplicação do licor na adubação orgânica de solos. A indústria alimentícia também usa o composto para aromatizar produtos. “Com a condensação de fumaça, o produtor pode gerar outra fonte de renda, atividade que caracteriza a agricultura familiar em pequenas propriedades”, citou a professora.

*******************************************

Fonte: Stephany Sander / Correio do Povo

Nenhum comentário: