chamine Mundo precisa que China reduza uso do carvão, afirma estudoPesquisadores defendem que mostrar as oportunidades da transição para fontes limpas de energia para os chineses seria uma das melhores formas de frear as mudanças climáticas
Qualquer tratado climático internacional que venha a ser estabelecido nos próximos anos não terá valor se não contar com uma cláusula que limite o apetite da China por carvão. Essa é a principal mensagem de um estudo divulgado na semana passada por Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial e atual professor da London School of Economics, e por Fergus Green, analista político do Grantham Research Institute.
O crescimento da queima de carvão na China mais do que dobrou entre 2002 e 2012, passando de 1,5 Gt para 3,7 Gt. Como resultado disso, o uso do carvão responde atualmente por 80% das emissões chinesas de gases do efeito estufa, ou 20% de todas as emissões mundiais provenientes dos combustíveis fósseis.
De acordo com Stern e Green, se o consumo chinês de carvão não começar a cair em breve, não há a menor possibilidade de que seja evitado um aquecimento global de mais de 2⁰C, o que é a grande meta do prometido novo acordo climático que substituirá o Protocolo de Quioto.
Infelizmente, as atuais estimativas de crescimento nas emissões da China não são muito animadoras.
O estudo afirma que o nível máximo de emissões mundiais de gases do efeito estufa (GEEs) em 2030 para que haja uma chance de 50% de que o aumento das temperaturas fique abaixo dos 2⁰C é entre 32 gigatoneladas e 33 gigatoneladas. Porém, as projeções apontam que as emissões chinesas podem exceder 15 gigatoneladas de GEEs até 2030, ou quase metade do teto global.
No entanto, os pesquisadores indicam que há sinais de que os chineses estão buscando controlar suas emissões. Além de várias regulamentações criadas recentemente para limitar a poluição atmosférica que assola muitas cidades – poluição esta causada em parte pelas usinas de carvão -, o país tem investido em energias alternativas para limpar sua matriz energética.
“O carvão, em termos absolutos, está crescendo na China. Mas sua participação na eletricidade está diminuindo à medida que outras fontes de eletricidade assumem uma fatia maior na matriz”, observou Green.
Os autores destacam ainda que impor à China o abandono do carvão nunca dará certo, e que o melhor caminho seria mostrar as oportunidades da transição para fontes limpas de energia.
Segundo a pesquisa, diminuir o uso do carvão daria ao país mais segurança energética, uma vez que a China importa boa parte do minério de nações como a Austrália e os Estados Unidos. Além disso, reduziria a escassez de água, já que atualmente muita água é utilizada para gerar energia carbonífera e converter carvão em gás. O investimento em energias alternativas também serviria para consolidar ainda mais o país como uma potência exportadora de tecnologias limpas.
Por fim, a China poderia tirar proveito político de se tornar um líder mundial na questão climática. Se a nação tomar as rédeas das negociações climáticas por estar promovendo ações reais de redução de emissões, isso colocaria outros países – incluindo os EUA – em uma situação de terem também que agir. Assim, caberia aos chineses boa parte do mérito de uma possível vitória sobre as mudanças climáticas.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)