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sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Uso de celular antes de dormir traz problemas sérios ao sono



Uso de celular antes de dormir traz problemas sérios ao sono
Imagem: Marcos Santos/USP Imagens


[EcoDebate] O uso exagerado de aparelhos eletrônicos e a falta de sono já são considerados marcas registradas das novas gerações. Mas será que ambos estão relacionados? A resposta é, com certeza, sim. Prova disso é o estudo divulgado pela Fundação Nacional para o Sono dos Estados Unidos que envolveu 1.508 pessoas entre 13 e 64 anos. A pesquisa apontou que quase 95% dos entrevistados usam algum tipo de equipamento eletrônico antes de ir para a cama e a maioria deles admitem que dormem mal.
A Fundação ainda revelou quais tipos de aparelhos cada faixa etária costuma usar com mais frequência. Muitos adultos, entre 46 e 64 anos, assistem televisão antes de dormir. Já adolescentes de 13 a 18 anos e 28% dos jovens entre 19 e 29 anos preferem jogar videogames antes de deitar. Notebooks e computadores também entram na lista. Segundo eles, 61% dos entrevistados usam esses aparelhos à noite.
Muitos pacientes procuram o atendimento especializado na Unidade do Sono de Brasília devido à falta de sono e, na maioria das vezes, a causa é o uso de aparelhos eletrônicos. “Quando os pacientes não vêm diretamente por conta de queixas relacionadas ao uso de eletrônicos na hora de dormir, frequentemente é fácil identificar esse problema associado a outros transtornos que compõem a queixa principal”, conta o Dr. Raimundo Nonato Delgado Rodrigues*, da Unidade do Sono de Brasília.
O que acontece?
Segundo o neurologista, o uso indiscriminado desses dispositivos no momento em que a pessoa está se preparando para dormir e no lugar que deveria ser consagrado ao sono ressignifica na mente valores como noite, sono e descanso.
O que acontece é que a iluminação artificial do aparelho durante a noite estimula o cérebro a produzir neurotransmissores característicos da vigília, como, por exemplo, a noradrenalina e a dopamina. Em contrapartida, acontece a redução de hormônios que promovem o sono, como a melatonina. “Além disso, a interação com esses dispositivos ativa regiões do cérebro que controlam a atenção e a memória, espantando o sono”, explica.
Aparelhos eletrônicos influenciam na aprendizagem
De acordo com uma pesquisa divulgada neste ano pelo periódico Scientific Reports, as crianças dormem menos e demoram mais a pegar no sono quando brincam com esses dispositivos diariamente. A pesquisa mostrou que, a cada hora de uso dos aparelhos, as crianças dormem uma média de 16 minutos a menos em um período de 24 horas.
O Dr. Nonato afirma que os pais devem impor alguns limites quanto ao uso de tablets e celulares para seus filhos, já que essa nova geração tem se tornado cada vez mais dependente deles, até para brincar. “O uso precisa ser controlado, pois a perda de sono poderá trazer prejuízos significativos na vida da criança, interferindo na aprendizagem e no humor, além de dar-lhes mau exemplo por favorecer a indisciplina em relação aos horários de dormir”, orienta.
Problemas futuros
Além do cansaço, a privação do sono pode causar problemas sérios à saúde. Confira:
  • problemas cardiovasculares;
  • envelhecimento precoce;
  • doenças mentais.
Orientação
Para alcançar um sono tranquilo, o Dr. Nonato orienta seus pacientes a deixarem o celular e outros dispositivos de lado a partir das 20h, se possível. Vale lembrar que a cama é um local destinado somente para o sono. Levar trabalho e lazer para ela não é bom. “A tendência é a de que se dediquem momentos que deveriam estar voltados ao sono por trabalho, lazer”. Se o indivíduo tem o costume de ler antes de dormir, o ideal é que faça isso fora do quarto, em um ambiente com luminosidade suave
*Dr. Raimundo Nonato Delgado Rodrigues, Médico especialista em sono pela Associação Médica do Brasil, neurologista pela Academia Brasileira de Neurologia, com doutorado em Clínica Médica (Medicina do Sono) pela Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília em colaboração com a Clinique Neurologique des Hospices Civils de Strasbourg – France. Professor de Neurologia da Universidade de Brasília, DF.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/10/2017

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